Segundo o Público de hoje, p. 7, António Vitorino advertiu que a eventual substituição da ministra da Educação seria “uma derrota muito pesada para o Governo”. Não compreendo a lógica deste tipo de declarações. Este conceito de “derrota” poderá ter sentido numa lógica partidária, mas não faz sentido nenhum numa lógica eleitoral. E daqui já se vê a disparata distância que existe entre os partidos e os eleitores.
Antes de mais, temos que distinguir a política do protagonista. Uma boa política pode ser morta por um mau protagonista. Esta ministra começou com boas ideias, mas hostilizou excessivamente os professores (seguindo a orientação geral de Sócrates, aliás), nem conseguindo sequer ter como aliados um pequeno grupo contra o status quo.
Neste momento, o prazo de validade desta ministra expirou. Veja-se o caso da substituição do ministro da Saúde por uma médica, muito mais sensata que o antecessor. Isso foi “uma derrota muito pesada para o Governo”? Desde quando esvaziar uma bolsa de conflito é uma derrota?
Esta ridícula visão machista de braço de ferro pode custar muito caro ao Governo. O que é mais importante: a política ou o protagonista? Neste caso, a ministra nem sequer é uma figura de proa do PS, nem há esse pretexto para a “segurar”. Cheira-me que o PM vai aguentá-la mais um tempo sofrendo imenso desgaste e depois deixa-a cair, uma estúpida perda de capital político, sem qualquer vantagem. Ou então aguenta-a até ao fim, mas aí cheira-me que obteria uma vitória de Pirro, a tal que, “com mais uma vitória destas, perdemos a guerra”.
terça-feira, 4 de março de 2008
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