quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Motins e ideologia
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Encruzilhada
Estamos numa encruzilhada, com muitos caminhos possíveis e que os historiadores futuros poderão dizer que era óbvio o caminho que vai ser seguido, mas aqui, no meio de todo este turbilhão, é muito difícil ter essa clarividência.
Cenário A) Após mais um pico de pressão dos mercados, os alemães dão um murro na mesa e decidem abandonar o euro. A França fica com o bebé nos braços e agravam-se as tensões internas nesse país, dividido entre passar a pagar a factura mais elevada e o benefício de poder fazer a pose imperial. Dentro da diminuída zona do euro é todo um novo mundo de conflitos que se inicia.
Cenário B) A Alemanha não desiste já do euro, mas força a aprovação de um sem número de medidas que implicam a transferência de soberania dos estados nacionais para as instâncias comunitárias, para assegurar a solidez futura do euro. O Reino Unido rebela-se contra estas medidas e veta a sua aprovação. Após um desgaste brutal, a Alemanha percebe que não há formas de preservar a solidez do euro e retira-se do mesmo. Segue-se o cenário A, com a diferença que as relações dentro da UE estão muito mais deterioradas.
Cenário C) Uma variante do cenário B, em que a Alemanha, consciente da oposição do Reino Unido, retira o euro da UE, passando tudo o que lhe diz respeito a funcionar em tratados separados. A unidade da UE, uma vez quebrada a propósito do euro, começa a cindir-se nos mais variados assuntos, passando a um agrupamento “deslaçado”, vigorando crescentemente uma Europa “à la carte”. A zona do euro passa a ser um protectorado alemão e as crescentes tensões que isso gera levam a Alemanha a sair do euro. Passa-se ao cenário A, mas com muitas mais fragilidades do que as pressupostas no cenário B.
Cenário D) As garantias dos Estados nacionais aos seus bancos, mais as garantias dadas aos outros Estados membros são accionadas, revelando-se em todo o seu esplendor todo o carácter “subprime” deste sistema. Ver aqui:
http://www.ft.com/cms/s/0/7b62ac7c-6698-11df-aeb1-00144feab49a.html
e aqui:
http://ftalphaville.ft.com/blog/2010/05/21/239696/a-collateralised-eurozone-debt-obligation/
Cenário E) You name it.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Dupla batota
Afinal o pacote de salvamento do euro é baseado numa dupla batota. Por um lado invoca o artigo 122 do Tratado de Lisboa, sobre catástrofes naturais. Isto representa um abuso, que poderá ser contestado, mas é também uma atitude algo pragmática, que não me desgosta.
A segunda batota parece-me muito mais grave: usar este artigo para dispensar a unanimidade. O Reino Unido será a maior vítima deste estratagema, que recebe um “imposto europeu” sem ser ouvido. Logo os ingleses, amantes do “no tax without representation”. Logo nesta altura, em que estão com uma crise orçamental sem precedentes em tempo de paz.
Cheira-me que o pacote de salvação, que tanto entusiasmou os mercados antes de o perceberem verdadeiramente, se arrisca a ter um curto prazo de validade.
Algumas ideias via O Insurgente: