terça-feira, 30 de outubro de 2012

“França preparou-se para saída de Grécia em 2011”


Isto é, de certeza absoluta, apenas a ponta do iceberg do que se passou na altura. Relembro que, em Novembro de 2011, a Itália e a Espanha também estiveram a três passos do abismo.

Em relação ao que se está a passar nos bastidores neste momento, provavelmente só o saberemos, o que vier a ser conhecido, daqui a algum tempo. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“E se o euro se desagregar?”


O Nordea, o mais importante banco de investimentos da Escandinávia, apresentou hoje um relatório sobre a eventual desagregação do euro. Mais uma acha para a fogueira do fim do euro.

sábado, 20 de outubro de 2012

Recomendado


Referendo ao euro


Paulo Gorjão tem um excelente blog, excelente pela qualidade das análises e, sobretudo, nos tempos que correm, pelo bom senso e serenidade das suas opiniões.


Esta discussão parece-me muito útil, nem tanto para o PM reconquistar a iniciativa política, mas para os portugueses acordarem. Na verdade, considero altamente provável que Portugal seja forçado a sair do euro muito antes de haver condições práticas para realizar este referendo, e já nem falo em condições políticas. 

Consultório financeiro (2)


Nas respostas aos leitores, não vou respeitar a ordem cronológica, vou antes dar precedência às questões mais curtas e relevantes.

Questiona o P.A. (19-Out). “O problema é que a maioria dos Portugueses não sabe como colocar algumas poupanças no estrangeiro. Gostaria imenso que me explicasse como é que, legalmente, isso pode ser feito. Já coloquei essa questão no meu banco mas responderam-me que não prestavam esse tipo de serviço…”

Como regra geral, se o vosso banco não faz certo tipo de serviço, recomendo que façam uma pesquisa em outros bancos para ver onde ele pode ser feito. Há dois bancos, o Barclays e o Deutsche Bank, em que se podem fazer depósitos em moeda estrangeira e que ficam abrangidos pelas garantias, respectivamente, do Reino Unido e da Alemanha.

Mas fazer depósitos em divisas (dólares, francos suíços, etc.) em bancos portugueses é uma acção equivalente a colocar poupanças no estrangeiro, sobretudo se não estivermos a falar de grandes montantes.

Uma outra alternativa é comprar títulos estrangeiros, como dívida pública alemã e americana, bem como acções de algumas empresas mais sólidas. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Consultório financeiro (1)


A partir de hoje vou criar uma rubrica de consultório financeiro de resposta a perguntas que os leitores me têm enviado por mail. Vou indicar o nome do leitor por iniciais, para respeitar o seu anonimato.

Pergunta o M. A. (15-Out): “Quando aconselha o depósito em bancos ingleses, americanos ou suíços, não fica claramente expresso se esses depósitos têm de ser feitos no país desses bancos ou se podem ser feitos em agências dos mesmos em Portugal. Se eu, por exemplo, depositar no Barclays Bank Portugal numa conta em libras, não estaria esse depósito garantido pelo FSCS da FSA e protegido da passagem de Euros para o novo Escudo? Pela mesma lógica, não seriam também boas hipóteses depósitos em moeda estrangeira em agências em Portugal do Deustche Bank (mesmo sendo de um país de um euro será de todos eles o mais seguro) e do Banco do Brasil.”

Tem razão, caro M. A. No caso do Barclays e do Deutsche Bank, os depósitos podem ser feitos em moeda estrangeira em Portugal e ficam abrangidos pelos sistemas de garantia dos depósitos, respectivamente, o Reino Unido e da Alemanha. No caso do Banco do Brasil, não consegui confirmar mas, como não faz parte das entidades participantes no Fundo de Garantia dos Depósitos português, é provável que tenha uma garantia ao abrigo das regras brasileiras.

O Deutsche Bank tem estado envolvido em notícias menos favoráveis, mas se fizer depósitos não muito grandes, diria até 25 mil euros, não deverá correr um grande risco, tanto quanto se pode dizer no contexto de pré-catástrofe que estamos a viver.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Saída de depósitos


A crise do euro tem levado a uma saída de depósitos dos países periféricos para os países mais seguros, mas muito menor em Portugal

Desde o início da crise do euro que se detectou um movimento significativo de fuga de depósitos, dos países periféricos para lugares mais seguros. Na Grécia, estas saídas de capitais começaram a notar-se logo em Janeiro de 2010, registando perdas acumuladas de 35% (dados do BCE, até Agosto de 2012). Em Abril daquele ano a Grécia foi forçada a pedir ajuda e desde então tem-se assistido a um verdadeiro descalabro neste país, que já incluiu um perdão de dívida de 74%.

Na Irlanda, a queda nos depósitos começou a notar-se em Maio de 2010 e este país acabou por pedir ajuda em Novembro desse ano. No entanto, poucos meses depois a fuga de fundos estancou, totalizando apenas 10% do total e tem estabilizado a esse nível até hoje.

Em Espanha, a fuga de depósitos iniciou-se em Julho de 2011, já depois de Portugal ter pedido ajuda e tem vindo a acelerar, tendo já saído 14% do total de depósitos que se registava no seu máximo.

Em Itália, registou-se uma saída de capitais limitada durante 2011 até quase ao final do ano, quando este Estado esteve próximo do precipício. A partir daí, as medidas europeias e o governo de Monti conseguiram inverter aquela fuga e houve um regresso do dinheiro transferido para o exterior, que já foi praticamente todo recuperado.

No caso de Portugal, a saída de fundos só se iniciou em Novembro de 2011, embora tenha vindo a acelerar nos últimos meses, totalizando apenas 8% do total dos depósitos. Estes dados podem não coincidir exactamente com aqueles que têm sido divulgados, mas são dados do BCE, do total de depósitos excluindo a administração pública central e as instituições financeiras monetárias (código 2.2.3), o que os permite comparar directamente com os outros países.

Os dados portugueses revelam dois aspectos importantes. O primeiro é que o movimento de fuga é muito atrasado em relação ao padrão que se verificou nos restantes Estados. Enquanto nos outros as saídas de capital se iniciam ANTES do pedido de auxílio, que nalguns casos ainda nem ocorreu, no caso de Portugal a fuga só se iniciou cerca de seis meses DEPOIS do resgate internacional.

O segundo aspecto é que de Portugal têm saído comparativamente menos fundos do que dos outros países, à excepção de Itália, em que o governo Monti tem inspirado muita confiança, algo de que o actual governo português não pode ser “acusado”.

Saiu muitíssimo mais dinheiro da Grécia do que de Portugal, mas isso não deve surpreender porque o caso grego é quase um caso perdido. Mas a Irlanda tem-se portado muito bem e está a ter sucesso no programa de ajustamento, coisa que se tornou mais evidente nos últimos meses que não é o nosso caso. No entanto, saiu menos dinheiro de Portugal do que da Irlanda.

O caso espanhol pode-se considerar ainda mais flagrante, já que Espanha ainda nem sequer pediu ajuda e já saiu de lá quase o dobro (em termos relativos) do que saiu de Portugal.

Se aos dados sobre saída de capitais acrescentarmos uma avaliação, um pouco menos científica, sobre declarações oficiais e comentários na comunicação social, verificamos que nos outros países periféricos se discute abertamente a saída do euro e mesmo o fim do euro. Por oposição, em Portugal fala-se muito menos sobre estes temas, que são quase tabu, com raras excepções.

Por tudo isto ouso concluir que em Portugal há um generalizado estado de negação sobre os problemas que se avizinham e uma grande falta de preparação para eles.

Quando sair do euro a Grécia pode contar com montantes muito volumosos de capitais no exterior, que poderão regressar ao país, aproveitando as pechinchas que se encontrarão à venda e fornecendo uma ajuda preciosa à recuperação económica do país. O mesmo se poderá dizer de Espanha, que não deverá sofrer perdas cambiais tão fortes como a Grécia e que, desde logo, tem uma economia muito mais atraente para investir do que a grega.

Portugal vai precisar de muito mais ajuda do que Espanha (em termos relativos) mas, a manter-se a actual apatia dos portugueses, vai ter muito menos fundos disponíveis no estrangeiro no momento em que precisar desesperadamente deles.

[Publicado no Jornal “i”]

Adenda: Há quem muito chocado com a minha insistência na colocação de dinheiro fora de Portugal, por isso desejo contribuir para esclarecer este ponto.

Quais são os problemas que têm sido referidos em relação à Grécia? O quase colapso do sistema partidário vigente; a contestação violenta nas ruas; uma recessão profunda, com uma queda acumulada do PIB de mais de 20% (uma depressão ocorre quando é ultrapassada a marca dos 10%); um desemprego elevadíssimo (nos jovens já ultrapassou os 50%!); perdão forçado da dívida, com prejuízo de 74% para os investidores; etc.

Entre os principais problemas gregos não se inclui – e bem – a fuga de capitais, que já dura há quase três anos. Ou seja, esta fuga é um mal menor.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Uma excelente ideia



Acho muito bem que se investigue a actuação de Cândida Almeida e que se vá até às últimas consequências, incluindo, eventualmente, cadeia.

“Portugal não é o Brasil”


O último orçamento



Adenda: Ainda no IMI há outras duas questões. A primeira é a da avaliação dos imóveis, em que convinha que se tomasse consciência que estamos em presença de um claro movimento de diminuição do valor, nalguns casos superior a 20% e que as Finanças não cobrassem IMI com base em valores acima do mercado. Também era conveniente que a avaliação usasse como parâmetro o facto de o imóvel estar arrendado e qual o valor da renda. Dá vontade de usar um insulto à la António Borges, porque não se percebe qual a lógica de atribuir a mesma avaliação a uma habitação, quer tenha uma renda de 50€, quer de 500€.

A segunda questão é a pretendida eliminação da cláusula de salvaguarda. Algum tipo de alteração desta cláusula é admissível, mas a sua eliminação parece incompreensível, sob todos os pontos de vista, sobretudo políticos. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Divórcio europeu


O meu artigo deste mês no Jornal de Negócios.

PS. O 3º parágrafo é um bug, é um texto de outro autor.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A próxima ministra?


Têm surgido rumores de que Vítor Gaspar estaria de saída, por moto próprio ou por pressões dentro do governo. Apesar de tudo, preferia que o ministro permanecesse no lugar, sobretudo devido ao seu prestígio junto dos nossos parceiros comunitários, algo de precioso para os tempos muito difíceis que se avizinham.

Isto dito, apreceei a prestação da Secretária de Estado do Tesouro e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, ontem na RTP1, em que foi “apertada” pelo José Rodrigues dos Santos. Ela conseguiu manter-se muito tranquila, traduzir o economês para português e falar para as pessoas. Revelou algum talento político, que precisa agora de ser trabalhado pela experiência, mas pareceu-me que poderia estar ali a próxima ministra das Finanças ou, eventualmente, num outro ministério.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

“Nova sede do BCE vai custar mais de mil milhões”


Ou muito me engano, ou o BCE nunca irá ocupar este edifício, pela simples razão que quando ele estiver pronto ou o BCE já não existe, ou existe numa versão muito mais reduzida do que a actual, não justificando a mudança de espaço.

Instituições extractivas


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Investimentos a evitar


Várias empresas portuguesas, vítimas do fecho da torneira do crédito interno e quase impedidas de recorrer ao financiamento externo, têm recorrido à emissão de obrigações de médio prazo, como é este caso.

Dado que estou convicto que Portugal deverá sair do euro nos próximos meses, desaconselho vivamente a compra destas obrigações. Em primeiro lugar, a excepcional turbulência dos tempos que vivemos sugere que se assumam compromissos com os menores prazos possíveis, evitando ficar com os vossos fundos paralisados num investimento de médio prazo. Mesmo para aqueles que acreditam que o euro ainda vai aguentar durante algum tempo, acham que Portugal ainda estará no euro daqui a cinco anos?

Em segundo lugar, como explico com mais detalhe no meu livro “O fim do euro em Portugal?”, páginas 219-220, as obrigações a taxa fixa deverão sofrer duas perdas de valor significativas: i) pela desvalorização do novo escudo; ii) por terem taxas muito inferiores às que vigorarão no novo escudo.

Se estas obrigações vierem a ser cotadas em bolsa, poderão ser resgatadas com facilidade e o dinheiro não estará tão “paralisado”, mas isso não impedirá as perdas de que falo acima.