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terça-feira, 23 de março de 2010

Política sectorial

A crítica liberal à existência de políticas sectoriais funda-se na não omnisciência do Estado. Mas o Estado não precisa de ser omnisciente, basta-lhe ter um núcleo de estudos claramente mais qualificado do que a maioria dos empresários. Num país dominado por PMEs geridas por empresários com formações baixíssimas não será difícil ao Estado conseguir esse tal valor acrescentado à maioria dos privados de menor dimensão.

Até porque há questões pouco controversas. Na distribuição, por exemplo, Portugal tem um segmento tradicional com um peso muito superior ao da média da UE. A tendência desejável será a da diminuição do peso relativo (mas melhoria da qualificação) do comércio tradicional. Não faz obviamente nenhum sentido (do ponto de vista económico) criar obstáculos à redução do comércio tradicional, como tem sido a política sectorial dos últimos anos.

Por outro lado, Portugal não vive no vácuo e é forçado a uma intervenção pelo manancial de fundos da UE. Há uma intervenção forçada na agricultura. Nas pescas há queixas de industriais do sector que parece que os negociadores portugueses se demitiram de defender os interesses nacionais.

Também há intervenção na escolha do tipo de investimento público que se faz. Em Portugal, o sector da construção parece estar muitíssimo empolado em relação ao seu peso “natural”, devido à absurda concentração do investimento público em obras públicas.

Há ainda intervenção nas escolhas que se fazem nas escolas profissionais e de formação. Parece que o nosso turismo não tem a qualidade (e quantidade) que poderia ter porque não há uma clara aposta neste tipo de formação.

E temos também a intervenção negativa. Sendo Portugal um dos maiores consumidores de peixe e com imensas zonas com potencial de aquicultura, é um dos países mediterrâneos onde esta menos se tem expandido. Segundo industriais do sector, parece que a administração pública foi instruída para criar o máximo de obstáculos sob o mais ínfimo dos pretextos. Aliás, este problema do licenciamento parece ser muito genérico.

Infelizmente, o maior problema português não é o seguir uma política sectorial errada, com uma má escolha dos sectores em que queremos apostar. O problema maior será a total incoerência das intervenções públicas, sem objectivos definidos e, em alguns casos, com apostas contrárias ao mais elementar bom senso.

domingo, 6 de abril de 2008

Imprudência da Mota-Engil

A Mota-Engil convidou Jorge Coelho para ocupar a presidência da empresa. Dada a influência deste político dentro do PS, mesmo sem cargos oficiais, isto só se presta a suspeições.

Para quem tenha dúvidas sobre a má recepção desta notícia, leiam-se os comentários à notícia no Público:

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1324884&idCanal=23

Fará algum sentido à Mota-Engil convidar Jorge Coelho, que já era consultor da empresa? Da próxima vez que a Mota-Engil ganhar um concurso público, mesmo que seja por ter apresentado a melhor proposta, não vai conseguir afastar a suspeita que ganhou o concurso por influência política. Estão a pôr-se a jeito para o se vai seguir.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Parabéns ao Health Cluster Portugal

É constituído hoje o Health Cluster Portugal, sob a presidência (e o impulso) de Luís Portela, da farmacêutica Bial (Público de hoje, p. 2-3). Vários aspectos positivos: ser uma iniciativa da sociedade civil (empresas, centros de investigação, fundações), que resolveu não esperar mais pela concretização de apoios públicos em estudo. Esta iniciativa dá-lhe autonomia e, diria, coloca mesmo pressão do lado público. Se querem associar-se a sucessos futuros desta associação, da próxima vez é melhor os poderes públicos apressarem o passo com o calendário privado e não estarem à espera que os privados fiquem dependentes do calendário público.

Por outro lado, esta iniciativa é também uma bofetada de luva de pelica naqueles que esperam que seja o Estado a escolher os sectores de desenvolvimento prioritário. Diz Luís Portela: “Há dois anos ninguém falava de um pólo de competitividade na saúde, insistia-se noutras áreas.” Afinal havia um cluster de que os poderes públicos nem suspeitavam.

Há um outro aspecto a salientar, que revela uma parte que se lamenta. Antes de se unirem neste cluster, muitas das empresas, até geograficamente próximas, nem se relacionavam. A tal, portuguesa dificuldade de associação. Espera-se que destes relacionamentos surjam já ganhos. E há fortes perspectivas de internacionalização.

Desejo os maiores sucessos a este cluster e espero ainda que este exemplo frutifique no surgimento de outros clusters.