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quinta-feira, 20 de maio de 2010

António José Seguro

Só agora li a entrevista do Expresso a António José Seguro publicada no último sábado e gostei claramente. Está consciente dos problemas do afastamento da classe política da realidade, percebe que em Portugal “nos pusemos a jeito” para sofrer com a crise internacional: “O nosso crescimento económico é muito baixo e consumimos acima das nossas possibilidades.”

António Costa poderá ser mais inteligente e ter mais experiência, mas está completamente dentro do sistema (a sua prestação na Quadratura do Círculo é tão constrangedora que muitas vezes desligo a TV), não mostrando ter um décimo da liberdade de pensamento de António José Seguro. Este tem muitíssimo mais facilidade de dialogar do que Sócrates, uma qualidade importantíssima na actual crise.

As últimas palavras de Passos Coelho não se percebem (dizer que lança moção de censura se se concluir que Sócrates mentiu à AR), mas talvez tenhamos mais cedo do que o esperado uma contenda entre Passos Coelho e António José Seguro para o cargo de PM.

sábado, 15 de maio de 2010

Pedir desculpa

Francisco Assis afirmou: “No dia em eu pedir desculpa por alguma coisa é para me retirar da vida política”. Esta atitude face ao erro é muito má. Quando não se assume que o erro é um acontecimento natural, ainda que indesejável, da actividade humana, fica-se em maus lençóis.

Em vez de reconhecer rapidamente um erro, pedir desculpa por ele, emendar o que se pode e seguir em frente, entra-se me negação, mente-se descaradamente, faz-se o impossível para negar a existência do mais leve traço de erro. Para tentar tapar o erro inicial cometem-se novos erros. Torna-se impossível um debate intelectualmente honesto com uma pessoa que considera que um erro é algo tão horrível que obriga a um castigo definitivo até ao fim da vida.

Percebemos assim porque é que o PS ainda não pediu desculpa por coisa nenhuma, mas este problema é infelizmente mais genérico. São raríssimos os políticos que pedem desculpa, o que me surpreende porque tenho quase a certeza absoluta que uma atitude dessas seria altamente benvinda pela generalidade dos eleitores.

Quanto ao pedido de desculpas de Passos Coelho é perfeitamente enquadrável em alguém que pede desculpa por uma coisa que vai fazer conscientemente, mas que vai causar um sofrimento necessário.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Coragem

No meio de muito eleitoralismo e cobardia, cumpre destacar a coragem de Passos Coelho em defender o congelamento de salários na função pública e das prestações sociais em geral.

http://economico.sapo.pt/noticias/passos-coelho-quer-salarios-congelados-na-funcao-publica_78404.html

Ainda não se percebeu qual é o tipo de acordo que a actual direcção do PSD pretende fazer com o PS em termos orçamentais, mas temo que não sirva os interesses do país.

É incrível o delírio e a hipocrisia de Sócrates de dizer que o défice e a dívida ainda não são a prioridade, mas sim o combate à crise. É delirante porque os mercados financeiros estão muito preocupados com a sustentabilidade das finanças públicas e Portugal não se pode dar ao luxo de os desapontar. É hipócrita porque o minúsculo pacote de 2009 de combate à crise foi executado em pouco mais de metade e a más horas, até porque o descalabro orçamental que vinha de trás não permitia mais.

sábado, 2 de maio de 2009

Sevícias à lógica

Pacheco Pereira já se tem farto de avisar, mas hoje detectei uma extraordinária do jornalista Francisco Almeida Leite, defensor de Passos Coelho. Como comentário à sondagem do Diário de Notícias que dá um PSD taco a taco com o PS, conseguindo o mesmo número de deputados para o Parlamento Europeu, consegue escrever: “Os 36% que o PSD surpreendentemente alcança no estudo são, ao mesmo tempo, um prémio para a prestação de Paulo Rangel (…) e um cartão amarelo a Manuela Ferreira Leite.”

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1219012

O PSD acaba de receber a melhor sondagem em anos e isso é “um cartão amarelo a Manuela Ferreira Leite” !?

Isto não é um pontapé na lógica. Isto é um conjunto extraordinário de sevícias na lógica, que nem a PIDE, a Gestapo e a Inquisição juntas conseguiriam ultrapassar.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Passos Coelho merecia mais

Considero que Passos Coelho ainda não tem currículo para ser PM. Parece-me mesmo que seria um desastre Portugal voltar a ter um PM quase sem experiência executiva, como foi o caso de Guterres. Isto dito, parece-me que Passos Coelho tem tido um comportamento que é genericamente de louvar. Hoje no Expresso, p. 6, afasta liminarmente a hipótese de um congresso antes de eleições. Penso que Manuela Ferreira Leite faria bem em o acolher numa posição próxima. Passos Coelho é uma óbvia mais valia e aumentava a unidade do partido, sobretudo agora que os santanistas já devem estar quase calados. Sobravam só os menezistas, completamente desacreditados.

domingo, 1 de junho de 2008

Parabéns Dra. Manuela Ferreira Leite

MFL ganhou as eleições à presidência do PSD com 38% dos votos, uma votação menor do que eu esperava e gostaria. Passos Coelho (31%), em princípio, será colaborante, o problema serão mais os seus “seguidores”. Já Santana (30%), apesar de tudo com um 3º lugar menos humilhante do que eu esperava, é que poderá ser a maior fonte de problemas.

Menezes perdeu em toda a linha (o seu autismo de dizer que se concorresse ganharia…) inclusive na concelhia de Gaia, onde ganhou Santana.

Passos Coelho ganhou ou perdeu votos por ter apoios de Menezes e outros representantes do PSD populista? É possível que tenha havido movimentos para ambos os lados, com saldo incerto.

Qual a verdadeira repartição entre PSD “sério” e PSD populista? Com a descaracterização da candidatura de Passos Coelho ficou mais difícil de perceber. Mas, na versão mais favorável, poderíamos colocar MFL e PPC de um lado e PSL do outro, o que deixaria o PSD “sério” com maioria qualificada.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Passos Coelho entre o liberal e o populista

Passos Coelho vinha propondo uma postura diferente, carregando na ideologia, marcadamente liberal. Não basta ter convicção em ideias estruturantes, é necessário ir às aplicações concretas, coisa que Passos Coelho não tem feito.

O principal problema que começa a emergir desta candidatura é a falta de coerência. Primeiro o deixar associar-se a pessoas vindas obviamente do PSD populista. Ninguém pode dizer “não quero o apoio explícito de fulano”, mas pode escolher os seus mandatários. Estranhíssima a escolha do mandatário da Juventude…

Mas esta ideia do PPC de pedir a descida do ISP é de uma demagogia indesculpável num economista. Portugal importa quase 90% da energia que consome e vamos fingir que não temos que nos adaptar a um mundo de energia cara durante as próximas décadas? Portugal é dos países que mais desperdiça energia, com um dos piores rácios entre PIB e energia utilizada. Portugal é dos países mais longe de respeitar os limites de Quioto e vamos fingir que a subida do preço do petróleo não nos obriga a mudar de vida?

Concordo que o ISP precisa de se aproximar dos níveis de Espanha. Mas, baixá-lo porque o preço do petróleo está a subir, é uma medida do mais anti-liberal que existe, transmitindo a ideia (que demasiados portugueses querem ouvir) que o Estado pode corrigir todas as adversidades do mundo, que toda a mudança é evitável, que o Estado se responsabiliza por tudo, que os cidadãos podem descartar as suas responsabilidades no Estado.

Eu defendo um liberalismo (o único?) em que o Estado favorece a mudança e não o imobilismo.

domingo, 25 de maio de 2008

Santana tem mais que fazer…

“Entrevista CM: Santana Lopes: “Tenho mais que fazer do que perder com Sócrates”

http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000229-0000-0000-0000-000000000229&contentid=28FCFE08-ECBC-48F2-8A53-4DFF627020BB

Que mais? Perder com Manuela Ferreira Leite? Perder inclusive com Passos Coelho?

domingo, 18 de maio de 2008

Menezes nos Malucos do Riso

Algumas das pérolas de Menezes em entrevista ao Jornal de Notícias de ontem:

http://jn.sapo.pt/2008/05/18/nacional/_Manuela_Ferreira_Leite_pode_f.html

“Ficou provado no último ano que é possível que alguém que é popular, que trabalha, que tem ideias, sair do país profundo e ganhar um grande partido em Portugal. Mas ainda não [é] possível ganhar o país.” “Popular”? Não é isso que as sondagens dizem. “Que trabalha”? Fazer propostas em cima do joelho é “trabalhar”? “Tem ideias”? A primeira baboseira que lhe vem à cabeça é uma “ideia”?

“P: Errou em algum momento?”
“R: Ninguém é perfeito. Teria feito uma ou outra coisa de forma diversa. Mas não julgo que essa tenha sido a questão essencial.” É claro que não, o problema está sempre nos outros.

“Olhando para o partido vejo que a minha base social de apoio era maioritária e, se eu fosse agora candidato, teria porventura dois terços dos votos expressos.” Eu diria mesmo 120% dos votos.

“Eu acho que há possibilidade de Manuela Ferreira Leite ser a terceira mais votada.” Como há a possibilidade de Menezes vir a dizer uma coisa razoável, honesta e inteligente nos próximos 10 anos. Ou seja, uma possibilidade muito remota.

“P: E Santana Lopes? Foi um bom primeiro-ministro?”
“R: Foi um bom secretário de Estado da Cultura, foi um bom presidente de Câmara, na Figueira e em Lisboa, mas enquanto primeiro-ministro não tinha condições, à partida, face às circunstâncias políticas que encontrou.” Claro, circunstâncias que “encontrou” e nunca circunstâncias que “criou”. Isso nunca, sempre os políticos Calimero. Só tenho uma “pequena” perplexidade: se estes políticos são sempre tão grandes vítimas descontroladas das circunstâncias externas, sempre totalmente incapazes de as moldar, sem a mais ínfima capacidade de as influenciar, porque é que os eleitores deveriam votar neles? Que lógica é que tem ter como PM um político incapaz de influenciar as suas circunstâncias? Não será que, uma vez eleito, ele vai sempre culpar fontes externas por todo e qualquer problema? Para que serve um PM impotente? Mesmo que um político seja atacado pelos mais temíveis Adamastores, se ele não os consegue vencer, para que serve?

“Pelo que conheço do partido, prevejo que [Manuela Ferreira Leite] possa ficar em terceiro lugar. Isto porque Patinha Antão ainda não estará em condições, embora esteja a fazer uma grande campanha, de ficar à frente de Manuela Ferreira Leite.” Cheira-me que a 31 de Maio vamos ficar convencidos que Menezes não “conhece” absolutamente nada do partido. Estas tentativas de insulto (então a do Patinha Antão é de morrer) vão-se virar todas contra ele.

“P: A verdade é que as sondagens que existem – Expresso e TVI – a colocam como a mais bem colocada para uma disputa eleitoral com José Sócrates.”
“R: Sondagem à opinião pública. Mas quem vota? A opinião pública ou os militantes do PSD?” Muito bem observado. Um partido que quer ganhar as eleições em 2009 não deve dar a mínima importância às sondagens à opinião pública. É evidente que as sondagens aos militantes do PSD são, de longe, muito mais importantes. E, presumo, que se a sondagem for feita no gabinete de Menezes, então os resultados serão ainda mais confiáveis e relevantes.

“Mas mesmo na sondagem à opinião pública há uma grande falácia: numa sondagem num grande jornal nacional eu era primeiro, mas como não convinha que o fosse colocaram mais duas pessoas da minha área para aparecer em terceiro lugar. Esta manipulação primária da realidade só serve para enganar pacóvios.” Incrível, na primeira sondagem, em que o comparavam com a Ti Maria da Merdaleja e o Zé dos Anzóis, ele era o “primeiro”. Depois é que o tramaram… “Manipulações” para “pacóvios”. Falta de espelho…

“não me venham dizer que o objectivo é tirar a maioria absoluta ao PS – isso eu consegui quando cheguei à liderança”. Sem comentários.

“P: Com Ferreira Leite a sua contemplação será menor?”
“R: Eu prefiro um líder que do ponto de vista geracional possa ficar os quatro anos.” A “elegância” e a “inteligência” de mais uma tentativa de insulto da mais que provável chefe do PSD.

Enfim, o retrato perfeito de Menezes, com mais uma flagrante demonstração (se mais alguma faltasse) que o tipo não tem competência para ser líder do que quer que seja.

sábado, 17 de maio de 2008

Manuela Ferreira Leite “arrasa”

Na sondagem do Correio da Manhã Manuela Ferreira Leite ganha destacada.

http://www.correiomanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090&contentid=7714811D-E673-4EFA-BDEF-1B63D7E629D4

Há dias telefonaram-me a pedir assinatura para a candidatura de Patinha Antão. Neto da Silva vem queixar-se da dificuldade de arranjar as 1500 assinaturas. Assim sendo, julgo provável que estas duas candidaturas nem cheguem às urnas. Resolvi então calcular os valores finais no caso de haver 3 candidaturas, com a hipótese habitual que os votos dos outros se distribuem de forma idêntica ao que se distribuem actualmente por estas 3 candidaturas. Trata-se de uma aproximação grosseira, mas a única que faz sentido. Alguém consegue dizer para onde vão os votos de Patinha Antão? Alguém consegue dizer como se distribuem as preferências dos NS/NR?

Os resultados da simulação são:
. . . . . . . . . . . . . . Vencer Sócrates (1) Melhor candidato (2)
Manuela Ferreira Leite . . . 71,3% . . . . . 71,6%
Pedro Santana Lopes . . . . . . 22,2% . . . . . . 23,2%
Pedro Passos Coelho . . . . . . 6,5% . . . . . . 5,3%

(1) Quem tem mais hipóteses de vencer eleições a Sócrates? (Apenas eleitores do PSD)
(2) Quem é o melhor candidato? (Nesta pergunta não foi sugerido qualquer nome - Eleitores do PSD)

A primeira conclusão é que, apesar de os dados brutos das duas perguntas serem muito diferentes, os resultados trabalhados são muito consistentes. A segunda conclusão é que estamos como que em três ligas diferentes. Um vencedor destacadíssimo, um grande perdedor e um terceiro lugar muito distante.

É certo que o alvo desta sondagem são os eleitores do PSD e não os militantes, mas os resultados são muito tranquilizadores. O eleitorado genuinamente populista no PSD não chega a um quarto do total. Se anteriormente votaram em candidatos populistas é porque não lhes deram alternativa e não porque gostassem.

Pessoalmente, preferia que PSL ficasse abaixo de PPC, mas parece que não será assim.

Finalmente, esta sondagem é das tais que influencia o próprio sentido de voto. Com resultados tão nítidos, parece-me que o resultado final será dar uma maioria ainda mais expressiva a Manuela Ferreira Leite. E Jardim bem poderá meter a viola no saco.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Presente envenenado

Na capa do Diário de Notícias de hoje: “Menezes junta-se hoje à campanha de Passos Coelho”. Do desenvolvimento da notícia na pag. 18 não resulta claro se Menezes apoia explicitamente PPC, mais uma vez desrespeitando a sua promessa “Não apoio ninguém”. Mas é evidente o risco de esta postura supostamente inclusiva de PPC se confundir com descaracterização da candidatura.

Uma das questões essenciais para o PSD neste momento é distanciar-se dos seus episódios populistas de muito má memória, protagonizados por Santana e Menezes.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O futuro é agora?

Passos Coelho e seus apoiantes falaram bastante do passado e quase nada sobre o futuro num debate de “ideias” com o tema “Portugal, que futuro para a economia”.

http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF191469

“Passos Coelho criticou «a obsessão do défice que existe desde 2002», considerando que está «a destruir a economia, as empresas e o emprego» e que se anda «há sensivelmente sete anos a tentar resolver o problema com medidas temporárias, provisórias».

«Temos de parar um pouco neste caminho, que não pode ser imputado estritamente ao PS, nós também já cometemos esse erro», sustentou.”

São por demais evidentes as farpas contra Manuela Ferreira Leite. Se algumas opções tomadas são criticáveis, as críticas têm que ter qualidade. Criticam-se as medidas, mas não se fala nas alternativas. Convém não esquecer que em 2002 o Pacto de Estabilidade era bem mais impiedoso que hoje e era mesmo necessário tomar medidas. As medidas “criativas” não foram tomadas debaixo da mesa e destinaram-se a evitar medidas mais draconianas. Quais eram as alternativas? Subir mais impostos? Cortar mais investimento público? É óbvio que não se aceitam alternativas abstractas do tipo “cortar mais despesa”. Deviam-se ter despedido milhares de funcionários públicos?

As críticas, para além de qualidade, devem constituir um todo coerente. Primeiro critica-se que o défice sufocou economia. Depois diz-se que receitas extraordinárias foram erradas. Então, mas as medidas extraordinárias não surgiram justamente para deixar uma certa folga e não provocar todo o ajustamento num só momento?

Há uma outra questão escamoteada. Em 2002 os portugueses andavam na lua, não faziam ideia nenhuma da intensidade das reformas necessárias, pelo que as medidas de contenção orçamental tinham um custo político elevadíssimo. Com as posteriores quedas de expectativas, o custo político foi baixando sucessivamente, o que muito beneficiou Sócrates. Que beneficiou ainda com o facto de a realidade ter desfeito a ideia de que controlar o défice era uma política da “direita”.

Também não percebo a lógica de, na ânsia de criticar Manuela Ferreira Leite, se chegar a elogiar Sócrates, por ter ido mais longe. Esta atitude é miopia, é só ver o problema imediato (eleições para a liderança do PSD) e não ver os problemas seguintes (eleições de 2009). Incompreensível.

Finalmente, para quem enche a boca a criticar a “contabilidade” e a elogiar a “estratégia”, é estranhíssimo não se ouvir uma palavra sobre a estratégia económica concreta. Esta coisa de criticar os outros e não apresentar alternativas é algo que está ao alcance de qualquer trabalhador não diferenciado. Mas para liderar um partido e um país é necessário um “pouco” mais.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Passos Coelho a esticar-se

Declaração de interesses: sou apoiante de Manuela Ferreira Leite, mas tenho simpatia pela candidatura de Passos Coelho. Dito isto parece-me que Passos Coelho se está a esticar, repetindo um dos piores tiques de Menezes.

Segundo o Diário de Notícias de hoje, p. 18, “Passos Coelho rejeita coligações pré-eleitorais”. Este tipo de afirmações só pode ser encarado como agressivo pelo CDS. A esta altura do campeonato, esta é das questões menos importantes. Por isso, estar a levantá-la é estar a criar anti-corpos desnecessários. Neste momento pensar que o centro direita pode ganhar as eleições de 2009 é difícil, agora imaginar que o PSD as vai ganhar com maioria absoluta parece um pouco delirante.

http://dn.sapo.pt/2008/04/30/nacional/passos_coelho_rejeita_coligacoes_pre.html

Mais à frente: "Alguns comentaristas achavam que eu estava aqui para marcar terreno para o futuro, agora já começam a acreditar que posso vencer e que possa ser uma surpresa para o PS e uma boa surpresa para Portugal." Como é possível dizer isto? Ainda não ouvi ninguém dizer tal coisa. Se imagina que, interiormente, alguns comentaristas pensam isto, apesar de não o dizerem, guarde para si essas fantasias. Isto parece-se horrivelmente com o tipo de afirmações delirantes que o Menezes fazia. Faça o seu caminho, mas evite este tipo de afirmações. Não se esqueça, NUNCA, que o PSD precisa de CREDIBILIDADE, que manifestamente não se constrói com comentários deste tipo.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Equívocos sobre a unidade do PSD

Tal como a renovação parece que a unidade é um elemento importante do futuro do PSD. O primeiro equívoco é a unidade ser possível. Parece-me impossível, o PSD tem demasiadas “visões”, até devido à ausência de uma linha ideológica definida. Mas há dois ramos que se perfilam: o sério e o populista. Menezes era uma populista instável, o que o tornava imprestável. Tenho ideia que se fosse um populista consistente não teria tido tantos problemas. Santana perfila-se como populista menos instável que Menezes. Se Santana ganhar (uma hipótese académica) o PSD voltava à instabilidade de Menezes. O PSD sério jamais o deixaria disparatar em silêncio.

A propósito, Passos Coelho parece pertencer à parte séria do PSD mas, talvez sedento de apoios, não se tem conseguido distanciar do apoio envenenado de Menezes. Estará a tentar a unidade mas por vezes é preferível uma identidade mais nítida do que a integração de facções inconciliáveis a todo o custo.

Há o equívoco de unidade significar o silêncio das críticas a seguir à eleição do líder. Não me preocupam as críticas no dia seguinte à eleição. Uma coisa me parece certa, se as sondagens mostrarem que o PSD sobe e PS desce para níveis próximos um do outro, então aí as críticas baixam porque vai efectivamente "cheirar a poder". E quem me parece mais bem colocado para provocar essa reviravolta nas sondagens é Manuela Ferreira Leite. Nesse momento o PSD vai parecer unido, mas na verdade estará com as divergências silenciadas.

Para reforçar esta ideia das sondagens leia-se o Expresso de hoje, p. 4, onde João Cravinho, Vera Jardim e Vitalino Canas dão claramente a entender que Manuela Ferreira Leite é o adversário mais temido pelo PS.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Coelho fraquinho

Segundo o Diário de Notícias de hoje (p. 7) “Passos Coelho tem emprego como tema forte”. Quer “flexibilização das leis laborais” e propõe baixar taxa de contribuição das empresas para a Segurança Social. Parece que tem andado um pouco distraído e não reparou que o governo acaba justamente de fazer as duas coisas. Para quem se quer diferenciar, parece um pouco fraco.

Quanto à substância da proposta a “flexibilização das leis laborais” é muito vaga, sendo que dificilmente alguém viria propor torná-las mais “rígidas”. A descida da taxa de contribuição parece-me uma má medida, pior ainda do que a do governo, que a apresenta como alternativa à subida das contribuições para contratos a prazo e recibos verdes. Como economista, Passos Coelho tinha obrigação de não propor uma medida com riscos de por em causa a sustentabilidade da Segurança Social e com magras perspectivas de conseguir animar o emprego.

A falta de emprego tem muito mais a ver com falta de competitividade do que com flexibilização das leis laborais, que são apenas uma das componentes do problema. Se quer tomar medidas sobre um problema, é melhor que comece por percebê-lo. Para medidas avulsas já nos chegou o Menezes.

Jornalismo divertido

O Diário de Notícias publica hoje (p. 6-7) um comentário de opinião, que aparece confundido como notícia. Como opinião tem algumas pérolas divertidas.

http://dn.sapo.pt/2008/04/24/nacional/jardim_fora_e_santana_mais_vez_dispo.html

“Menezes e Pedro Santana Lopes resolveram equacionar uma candidatura da ala mais próxima das chamadas bases do partido, na qual também se enquadrava bem Alberto João Jardim.” Ala mais populista, certamente, mas “mais popular”, tenho sérias dúvidas.

A melhor de todas:

“Mas Menezes pensou em tudo até ao milímetro [já pararam de rir?]. No caso de obter negas de Jardim e Santana, Menezes pensou em transferir todos os seus apoios para Passos Coelho, o que faria dele um adversário temível para Ferreira Leite.”

Este passe de mágica de “transferir todos os seus apoios”, como se faz, quando as eleições são directas? Aguardo esclarecimentos. Quanto ao “adversário temível”, ia caindo da cadeira a rir.