sexta-feira, 29 de março de 2013

Chipre e Portugal



As lições mais imediatas de Chipre para Portugal prendem-se com as recomendações que fiz aqui, a 1 de Fevereiro do ano passado, sobre os riscos de fim do euro.

Sugeri que as pessoas tivessem em casa o equivalente a entre 15 dias e um mês de rendimento e que acumulassem na sua habitação também alguma comida para um período semelhante.

É importante salientar que, apesar de Chipre não ter saído do euro, o acesso ao Multibanco local foi bloqueado no dia em que os problemas começaram. Foi decretado feriado bancário e as pessoas não puderam levantar nenhum dinheiro dos bancos. Alguns dias depois começou a ser possível levantar algum dinheiro do Multibanco, mas de forma muito restrita. Se Chipre tivesse saído do euro, estes levantamentos limitados não poderiam ter lugar, simplesmente porque não haveria notas da nova moeda para distribuir.

Uma outra questão importante é que neste estado deixou de haver liberdade de circulação de capitais, e isso não deverá ser reposto tão cedo, apesar das promessas das autoridades europeias. Em certo sentido, um euro em Chipre já não é a mesma coisa que um euro nos outros países da moeda única.

Não há, para já, notícias de interrupção de fornecimentos de alimentação em Chipre, mas, de novo, é imperioso advertir que a crise neste país é, apesar de tudo, limitada porque este estado ainda permanece no euro. A partir do momento em que sair tudo se irá tornar muito mais complicado.

Aproveito, assim, para reiterar as recomendações que fiz há cerca de um ano, agora que a experiência de Chipre as tornou muitíssimo mais plausíveis.

Chipre e o fim do euro


Lições de demagogia