O meu artigo de 27 Março no "i": Apesar das diferenças entre os dois países, a crise em Chipre traz lições para Portugal.
As lições mais imediatas de Chipre para Portugal prendem-se
com as recomendações que fiz aqui, a 1 de Fevereiro do ano passado, sobre os
riscos de fim do euro.
Sugeri que as pessoas tivessem em casa o equivalente a entre
15 dias e um mês de rendimento e que acumulassem na sua habitação também alguma
comida para um período semelhante.
É importante salientar que, apesar de Chipre não ter saído
do euro, o acesso ao Multibanco local foi bloqueado no dia em que os problemas
começaram. Foi decretado feriado bancário e as pessoas não puderam levantar
nenhum dinheiro dos bancos. Alguns dias depois começou a ser possível levantar
algum dinheiro do Multibanco, mas de forma muito restrita. Se Chipre tivesse
saído do euro, estes levantamentos limitados não poderiam ter lugar,
simplesmente porque não haveria notas da nova moeda para distribuir.
Uma outra questão importante é que neste estado deixou de
haver liberdade de circulação de capitais, e isso não deverá ser reposto tão
cedo, apesar das promessas das autoridades europeias. Em certo sentido, um euro
em Chipre já não é a mesma coisa que um euro nos outros países da moeda única.
Não há, para já, notícias de interrupção de fornecimentos de
alimentação em Chipre, mas, de novo, é imperioso advertir que a crise neste
país é, apesar de tudo, limitada porque este estado ainda permanece no euro. A
partir do momento em que sair tudo se irá tornar muito mais complicado.
Aproveito, assim, para reiterar as recomendações que fiz há
cerca de um ano, agora que a experiência de Chipre as tornou muitíssimo mais
plausíveis.
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