terça-feira, 29 de setembro de 2009

A importância dos salários

Um dos argumentos acenados, sobretudo pelo PC, é que os salários representam uma parcela tão pequena dos custos totais, que não é a subida dos salários que coloca problemas de competitividade às empresas.

Ontem o INE publicou as “Contas Nacionais Trimestrais por Sector Institucional” do 2º trimestre. Aí se pode ver que as remunerações dos empregados representam em média (desde o início da série) 64,4% do Valor Acrescentado Bruto (VAB). Tendo em atenção que o próprio VAB sobrestima o valor da produção (o que conta realmente é o Valor Acrescentado Líquido), conclui-se que as remunerações representam bem mais de dois terços da produção. Como é possível continuar o discurso de que é uma coisinha pouca?

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=56472684&DESTAQUESmodo=2

Uma derrota humilhante, mas não injusta

O PSD tinha a obrigação de ganhar estas eleições. Há uma onda europeia de voltar à direita. O PS teve uma governação de plástico, incompetente e arrogante. Sócrates foi desmascarado como um dos políticos mais desonestos desde sempre. Havia uma política de clara alternativa à do governo, uma demarcação muito mais nítida do que em anteriores eleições. O desemprego estava em máximos históricos e a subir.

Portugal sofre de um doença económica raríssima e gravíssima: é o único país da UE que está em divergência estrutural (há praticamente uma década) e o PSD não soube transformar esta triste e séria realidade num tema central do debate político. Quando, ainda por cima, este problema é um dos mais importantes argumentos para a necessidade de uma mudança de política económica.

Durante a campanha eleitoral o PSD permitiu que casos ridículos desviassem a atenção do essencial, ao contrário de, por exemplo, o CDS, que conseguiu um resultado histórico.

Durante a campanha o PSD recebeu trunfos, que ignorou, para escândalo dos mais atentos: a OCDE apresentou uma proposta de redução das contribuições sociais, em linha com a proposta do PSD e contra o recentemente aprovado código das contribuições do PS.

Por tudo isto afirmo que estas eleições deram uma derrota humilhante ao PSD, mas não injusta.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

TGV e periferia

Sócrates apanhou o TGV entre Paris e Bruxelas pensando com isso estar a fazer um “statement” político. Mas devia ter ido de TGV de Madrid para Bruxelas, para perceber bem o absurdo de tal viagem.

Um dos argumentos mais pífios de defesa do TGV é que nos tira da periferia. Mas, se houvesse TGV alguém o usaria para ir para Berlim? ou Londres? ou mesmo Paris? O TGV só poderia influenciar as deslocações até Madrid e talvez até Barcelona. De resto, não nos aproxima em nada do que já estamos da Europa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Desbloquear o investimento

O meu artigo deste mês no Jornal de Negócios, com sugestões para desbloquear o investimento privado, que é aliás a componente do PIB que está com mais problemas (agravou a queda homóloga para praticamente 20% no 2º trimestre).

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=386042

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Falta de tudo

Este suspeitíssimo afastamento de Manuela Moura Guedes do Jornal Nacional da TVI demonstra a justeza das acusações de asfixia democrática. Mas revela também uma extraordinária falta de inteligência de que este PM já deu amplas provas (relatório da “OCDE”, etc). Quem é que ele pretende enganar? A minha única preocupação é que a liberdade nunca teve uma cotação elevada no nosso país. Mesmo assim, será ensurdecedor o silêncio de Mário Soares e outros.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cansaço

O facto mais saliente da entrevista de ontem de Sócrates, pela Judite de Sousa (mais incisiva do que é costume), é o tom de voz, muito mais brando do que o habitual. Parece-me que isso é muito mais fruto do cansaço, do que de uma recém descoberta humildade, em que não acredito. Não admira, de tal maneira Sócrates carregou o governo e a conjuntura não podia ser mais frustrante. Como é que um homem neste estado pode querer iniciar um novo ciclo governativo?