segunda-feira, 5 de maio de 2008

Irrealismo

Há para aí muito irrealismo, de gente que acredita que as coisas más só acontecem porque há pessoas más. Parece que a evolução natural dos acontecimentos nunca poderá levar a más consequências. Por outro lado, faz parte da “mitologia” de que o homem é todo-poderoso. Neste caso, todo-poderoso para o mal.

Ainda recentemente ouvi um sindicalista dizer que o problema da desigualdade da distribuição do rendimento em Portugal tinha a ver com a corrupção. Não se afirma que a corrupção seja irrelevante, mas centrar a causa neste fenómeno parece advir do medo de se confrontar com realidades desagradáveis. Por exemplo, de que a desigualdade está relacionada com o fracasso da “escola pública”. Ou que o fenómeno da globalização valoriza mais as maiores qualificações.

Já em relação às subidas de preços dos produtos agrícolas não falta quem considere que o principal problema é a acção dos “especuladores”, os únicos “maus”. Esquecem que estas subidas de preços advêm, entre outros factores, do aumento da procura de centenas de milhões de chineses e indianos, entre outros, que estão a sair da pobreza. Na verdade aqui também há a mão de uma má política pública: o subsídio aos biocombustíveis.

Para além de que os “especuladores” fazem apostas, não estão a jogar um jogo seguro. Se, com os dados em presença, os “especuladores” prevêem uma subida dos preços alimentares, o que eles fazem é antecipar a realidade e não mudar essa realidade. São mais mensageiros que mensagem. Mas, se os “especuladores” errarem as suas previsões, vão perder milhões nas suas apostas falhadas. Por isso, mesmo estas apostas têm que ser um risco calculado.

2 comentários:

Diogo disse...

SIC Notícias – a Al-Qaeda é uma invenção da CIA, criada para permitir o controlo do petróleo do Médio Oriente pelos EUA:


SIC: Professor Chossudovsky, o senhor publicou um livro onde diz que o terrorismo islâmico beneficia a agenda de Washington. O que quer dizer com isso?

Chossudovsky: O que eu quero dizer é que esta guerra não foi realizada para lutar contra o terrorismo islâmico. Trouxe a Washington objectivos económicos estratégicos, que são, essencialmente, o controlo das reservas petrolíferas do Médio Oriente e da Ásia Central que perfazem 70% das reservas petrolíferas mundiais actuais.


SIC: No mesmo livro diz que a guerra contra o terrorismo é uma mentira. O que significa isso?

Chossudovsky: A noção de um inimigo externo, que é usada para justificar a guerra contra o terrorismo deve ser entendida com a possibilidade desse "inimigo externo" ser uma criação da CIA. É uma criação da Administração americana, não há qualquer inimigo externo.

Vídeo (2:27m) legendado em português

Pedro Braz Teixeira disse...

Os comentários deste “prof” parecem-me do domínio do delírio. Só uma questão: o que quer dizer “controlo das reservas petrolíferas do Médio Oriente e da Ásia Central”? Segurança no transporte? A instabilidade da invasão não ajuda nada a esta segurança. Quer dizer, definição do nível de produção? A OPEP pode manter o nível de produção fixo, trocando quotas entre países. Muitas outras leituras se poderiam colocar, mas certamente não estão a pensar em passar a ser donos dessas reservas, isso seria uma megalomania desmiolada.

Outra questão é que isto poderia tudo (11 Set inclusive) ter começado com um determinado plano (admitindo como hipótese académica o cenário delirante deste “prof”), mas, se havia um plano, este teria saído completamente furado. Então hoje a melhor estratégia seria deixar cair esse disparate todo. Se o terrorismo islâmico é mesmo unicamente uma criação da CIA o mais barato é acabar já com ele.

Aconselho-lhe a leitura de Susan Jacoby, The Age of American Unreason que detalha o desastre que se passa a nível intelectual nos EUA, com o recuo da racionalidade e o regresso do “pensamento” mágico.