Leonor Coutinho, licenciada em Matemáticas, dá hoje (Diário de Notícias, caderno Bolsa, p. 16) uma série de pontapés na matemática, na sua cruzada a favor de não mexer em nada nos Certificados de Aforro (CA).
Concordo com a necessidade de mudar as condições dos CA, que ainda não tinham sido adaptados ao euro. Uma loucura, manter as condições fixadas em 1986, num contexto radicalmente diferente. Não significa isto que subscreva na íntegra as alterações propostas pelo governo. Teria certamente preferido distinguir nitidamente entre pequenos e grandes aforradores, até porque é nestes que se concentra a maior parte do volume de CA.
O grande argumento de Leonor Coutinho é que os CA afinal saem mais baratos do que as OTs (o financiamento alternativo) porque os CA pagam imposto e as OTs são esmagadoramente vendidas a estrangeiros, não pagando imposto. Visão mais curta do que isto é difícil. Esta mudança dos CA não muda em nada as necessidades de financiamento da economia portuguesa. Os fundos que estavam nos CA vão passar para instrumentos no sector bancário, pagando aí os mesmíssimos impostos que pagavam nos CA. Estes recursos extra que os bancos vão receber, permitem-lhes recorrer menos ao crédito externo. Na verdade, mantendo-se constantes as necessidades de financiamento da economia, estas vão ser mais supridas pelo Estado e menos pelos bancos. Como o Estado se consegue financiar a custo mais baixo do que os bancos, a economia como um todo agradece.
Espero bem que o governo consiga explicar estas coisas básicas a Leonor Coutinho.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
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