sexta-feira, 16 de maio de 2008

Previsões de plástico

O governo reviu em baixa as suas previsões até 2011. Em primeiro lugar, o crescimento dos últimos anos desse período, em que a economia já deveria estar a crescer ao seu nível potencial, baixa fortemente de 3,0% para 2,2%. Em parte isto resulta do ajustamento entre o delírio estratosférico e a realidade. Mas, por outro lado reforça a ideia de que o crescimento potencial sofreu um forte rombo e, com este nível, ele pura e simplesmente significa o fim estrutural da convergência de Portugal com a UE. Uma coisa é Portugal ter uns anos maus, em que diverge. Outra, é pura e simplesmente, mudar de campeonato e deixar de convergir ponto final.

Ter consciência deste grave problema deveria fazer o governo passar a levar a sério as prováveis causas deste desastre, nomeadamente a fortíssima perda de competitividade desde meados dos anos 90. Mas não. O governo, assustado com o fraco crescimento, tenciona continuar na asneira de estimular a procura interna (via investimento público) em vez de apostar na recuperação da competitividade perdida. O governo poderá ter um sucesso limitado no curto prazo, mas só estará a agravar as condições de uma verdadeira e robusta recuperação.

Quanto à nova previsão para 2008 (1,5% vs 2,2%) ela tem que passar a ser encarada, quando muito, como o limite superior do intervalo de previsões razoáveis. Depois do empedernido “optimismo” do governo, tudo o que venha de lá só pode agora ser desvalorizado. Já a previsão para 2009 (2,0%), apesar de fortemente revista em baixa (de 2,8%), continua no domínio do delírio. Para a zona do euro, espera-se que 2009 seja (marginalmente) pior que 2008. Mas, para o governo português 2009 vai ser um ano de franca recuperação. Pois sim…

Finalmente, as incongruências entre PIB e desemprego. Em 2009 a economia cresceria mais, mas o desemprego cairia menos: 4 décimas em 2008 e 2 décimas em 2009! Mas, com a economia a crescer apenas 1,5% este ano e o desemprego cair tanto! Enfim, no cenário mais favorável o desemprego poderia manter-se estável, mas tudo indica que o mais provável é aumentar.

Já agora, porque é que o novo PEC não está no site das Finanças?

Sem comentários: