A UE deu luz verde para a Estónia entrar no euro em 2011, num momento em que a própria sobrevivência do euro vem sendo crescentemente debatida. Parece-me que seria preferível estabilizar o euro com os actuais membros do que estar a aumentar as potenciais dificuldades futuras.
A Estónia tem apresentado contas públicas invejáveis, com superavits até 2007 e uma dívida pública minúscula, abaixo dos 10% do PIB! No entanto, o seu bom comportamento a nível dos preços é muito recente, com crescimentos salariais nos dois dígitos até 2008, muito acima do crescimento da produtividade. As suas contas externas revelaram défices elevadíssimos até 2008, passando para um superavit em 2009, com a dívida externa a subir de 77% em 2004 para 127% do PIB em 2009.
http://ec.europa.eu/economy_finance/publications/european_economy/2010/pdf/ee-2010-3_en.pdf
Se há uma lição que a crise recente deveria ter ensinado é que não se deve olhar apenas para as contas públicas, é também imprescindível olhar para as contas externas. Se é verdade que a Estónia conseguiu bons resultados em algumas frentes, também é verdade que eles são demasiado recentes para se poderem considerar estruturais. Parece-me uma imprudência deixar a Estónia entrar neste momento, a não ser que seja mais uma fuga para a frente dos líderes europeus, que julgam que assim demonstram a sua confiança no projecto do euro.
3 comentários:
Quando se fala de endividamento externo fala-se da posição de investimento internacional, que além da dívida strictu sensu inclui o investimento directo estrangeir (quase 30% do PIB em Portugal) e ainda investimento de carteira em acções, muitas vezes com cariz duradouro
ou os "novos gurus" que opinam em Portugal consideram que o IDE passou a ser mau?
A nossa dívida externa de 10% em 1996 para 110% em 2009? Quanto desta subida pode ser atribuída a IDE?
Se uma pessoa critica o défice público isso implica que esteja a criticar a transferência para a Junta de Freguesia de Carrazeda de Ansiães?
Mas pode criticar o que o presidente da AN Munícipios Portugueses, presidente da CM Viseu e autarca modelo do PSD gastou em rotundas na sua terra, esse exemplo acabado do bom investimento público
Para reduzir o endividamento:
1. famílias - promoção do mercado de arrendamento imobiliário, já que 80% do crédito às famílias é para compra de habitação (que valem 2 vezes as hipotecas)
2. empresas - Estado a pagar a tempo e horas, promoção da fusão e concentração de empresas, combate à descapitalização das mesmas, para reduzir o crédito para financiar necessidades de tesouraria
3. Estado - cortar a eito
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