segunda-feira, 7 de abril de 2008

Perspectivas económicas deterioram-se

O Economist desta semana publica as previsões de Abril, onde se regista um agravar da deterioração das expectativas. Pode-se dizer que em Abril a deterioração foi tão forte como nos dois meses anteriores em conjunto. O crescimento previsto nos EUA em 2008 já caiu de 1,8% previstos em Janeiro para 1,2% neste mês. As previsões têm a propriedade de estarem muito correlacionadas, pelo que é de prever que se continue neste ciclo de revisão em baixa, iniciado em Ago-07. As previsões para 2009 também começaram a ser fortemente revistas em baixa (de 2,6% para 1,7% nos EUA).

No caso da zona euro, as revisões são de menor amplitude (de 1,8% em Jan. para 1,6% agora, em 2008) mas para 2009 já não há expectativa de recuperação, com o valor previsto para o próximo ano igual ao deste ano. Repare-se que nos EUA se mantém a expectativa de uma recuperação. Em síntese, Europa cai menos, mas não recupera.

O cenário macroeconómico do governo português (o Banco de Portugal já avisou que vai rever em baixa as suas previsões) está assim em cheque, quer para 2008, quer para 2009. Ainda muito recentemente, aquando do anúncio da baixa do IVA, o governo tinha tido a oportunidade de rever as suas previsões, tendo escolhido a decisão temerária de não o fazer, o que foi aqui atempadamente criticado. Contra todos os planos do governo, a crise internacional vem pôr em causa a recuperação económica quer para 2008, quer para 2009.

Em relação às expectativas de inflação há uma ligeira revisão em alta para 2008, mas não em 2009. Por um lado pode-se pensar que o menor crescimento previsto para o próximo ano justificará esta moderação da inflação mas, por outro lado, sugere que as expectativas de inflação estão ancoradas próximo dos valores de referência (2%), pelo que não é de temer que o BCE seja forçado a subir as taxas de juro para suster subidas temporárias de preços. Boas notícias, também para o próprio BCE, a quem é evitado um dilema de política económica. Em princípio, não vai ter que ser forçado a causar dano económico de curto prazo para fortalecer expectativas de inflação de longo prazo. Em princípio, estará posto de lado a hipótese de subidas de taxa de juro pelo BCE.

Sem comentários: