quarta-feira, 9 de abril de 2008

Para quê a terceira travessia do Tejo (TTT)?

Segundo a RAVE, citada no Diário de Notícias de hoje, p. 4, 80% do tráfego da TTT virá das duas pontes já existentes. O “Estado arrisca pagar 35 milhões por anos à Lusoponte”. Pode haver maior absurdo. A nova ponte praticamente só desvia tráfego e o Estado vai construí-la e depois ter que indemnizar a Lusoponte por esta mesma transferência. Quer dizer, o Estado gasta dinheiro para criar um problema e depois gasta dinheiro para o resolver. O betão continua a estar envolvido nos maiores disparates que se fazem em Portugal.

Outro dado interessante é que no contrato da Lusoponte o tráfego previsto para 2014 era de 105 mil carros/dia. Hoje estima-se que serão apenas 75 mil carros/dia. Assim se fazem investimentos públicos em Portugal. Primeiro decide-se construir uma ponte (auto-estrada, etc.) e depois martelam-se previsões de tráfego para racionalizar a decisão de construir. No caso da TTT, nem esse cuidado há.

No Diário Económico de hoje, a Lusoponte aponta várias das incoerências nas quais se baseia a construção da TTT.

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/empresas/pt/desarrollo/1109705.html

Dá ideia que o governo sabe que está a tomar uma medida errada em termos das necessidades de circulação, mas certa em termos macroeconómicos. Ou seja, esta construção faz-se, não porque seja necessária, mas porque seria um estímulo à actividade. Por razões que já expliquei em detalhe aqui, isto é uma grave asneira: o que Portugal precisa não é de estimular a procura interna, mas sim de recuperar a competitividade.

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