Do Público de ontem p. 48, Miguel Gaspar: “desprestigiar os professores equivaleu a desprestigiar todo o sistema de ensino perante os alunos e perante as famílias. Não se dá melhor álibi a quem não quer assumir responsabilidade pela educação dos filhos do que servir-lhes a cabeça dos docentes numa bandeja.”
Sem comentários.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
"Menezes é desastroso"
Título do Diário Económico da entrevista a António Capucho, presidente da CM Cascais.
Na íntegra aqui.
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
PCP não é deste mundo
Do Diário de Notícias de hoje, p. 21 “O PCP quer mudar a Lei do Financiamento partidário defendendo que se deve baixar as despesas com as campanhas eleitorais e as subvenções públicas que desde 2003 atingem valores “absurdos”, defendeu ontem Bernardino Soares.” [O português podia ser melhorzinho…]
Esta coisa de tentar martelar a realidade com leis diz muito da falta de sentido da realidade de muitos políticos que se preocupam em parecer que fazem o certo e não se preocupam em resolver mesmo os problemas.
Antes de tentar descer os actuais limites convinha confirmar que eles estão mesmo a ser respeitados. Se não há uma verdadeira fiscalização (parece que recentemente se estão a dar os primeiros passos…), para que serve apertar limites que não são hoje cumpridos? O único resultado será incentivar que mais dinheiro passe por debaixo da mesa.
Quanto a defender baixar as subvenções públicas, qual é a lógica? Ainda por cima vinda do PCP! Então, não é óbvio que quanto menos os partidos receberem do Estado, mais o dinheiro terá que vir dos privados? É evidente que, sendo essas subvenções função dos votos e fraca a expressão eleitoral do PCP, daqui pouco vem para os comunistas.
Há uma crítica com que concordo, a limitação da angariação de fundos a 1500 salários mínimos. Este é um típico exemplo de uma legislação hiper-hipócrita. A primeira impressão que causa é a de contenção. Mas o resultado prático, que é o que verdadeiramente interessa e o que devia preocupar o legislador, é que, ao limitar a angariação legal, se aumenta a angariação ilegal. Eu preferia que não houvesse qualquer limite e total transparência.
Alguém decidiu o voto porque viu um cartaz ou porque recebeu uma caneta com a sigla dum partido? Alguém imagina que um partido que consiga angariar muito mais dinheiro que os outros vai conseguir ganhar as eleições por isso? O que se poderá dar é o caso de um partido ter um programa e protagonistas tão aliciantes, que atrai muitos fundos e ganhe as eleições. Mas aí a causalidade é a inversa. Atraiu muitos fundos porque era aliciante e não tornou-se aliciante porque recebeu muitos fundos.
Esta coisa de tentar martelar a realidade com leis diz muito da falta de sentido da realidade de muitos políticos que se preocupam em parecer que fazem o certo e não se preocupam em resolver mesmo os problemas.
Antes de tentar descer os actuais limites convinha confirmar que eles estão mesmo a ser respeitados. Se não há uma verdadeira fiscalização (parece que recentemente se estão a dar os primeiros passos…), para que serve apertar limites que não são hoje cumpridos? O único resultado será incentivar que mais dinheiro passe por debaixo da mesa.
Quanto a defender baixar as subvenções públicas, qual é a lógica? Ainda por cima vinda do PCP! Então, não é óbvio que quanto menos os partidos receberem do Estado, mais o dinheiro terá que vir dos privados? É evidente que, sendo essas subvenções função dos votos e fraca a expressão eleitoral do PCP, daqui pouco vem para os comunistas.
Há uma crítica com que concordo, a limitação da angariação de fundos a 1500 salários mínimos. Este é um típico exemplo de uma legislação hiper-hipócrita. A primeira impressão que causa é a de contenção. Mas o resultado prático, que é o que verdadeiramente interessa e o que devia preocupar o legislador, é que, ao limitar a angariação legal, se aumenta a angariação ilegal. Eu preferia que não houvesse qualquer limite e total transparência.
Alguém decidiu o voto porque viu um cartaz ou porque recebeu uma caneta com a sigla dum partido? Alguém imagina que um partido que consiga angariar muito mais dinheiro que os outros vai conseguir ganhar as eleições por isso? O que se poderá dar é o caso de um partido ter um programa e protagonistas tão aliciantes, que atrai muitos fundos e ganhe as eleições. Mas aí a causalidade é a inversa. Atraiu muitos fundos porque era aliciante e não tornou-se aliciante porque recebeu muitos fundos.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
O aumento de capital do BCP
1. Plano Millenium 2010.
O Plano (revisto) para os próximos três anos é absolutamente essencial para captar os investidores necessários para o sucesso do aumento de capital. Atenção que colocar as acções não é sucesso, até porque a própria colocação já está garantida (a que preço?). O essencial é que a colocação seja feita sem mais desvalorizações da cotação do BCP.
Para o sucesso da operação julgo que o essencial não é prometer um grande crescimento orgânico da actividade (espero que não andem com lirismos de aquisições), mas uma fortíssima aposta nos ganhos de eficiência. Vergonhosamente, esta é uma área em que o BCP está muito mal colocado. O que também tem as suas vantagens: como a situação é péssima, obter grandes melhorias é muito mais fácil. Neste aspecto, a mudança completa de equipa pode ser uma mais valia poderosíssima. O facto de se ter diminuído muitíssimo (ainda que até se saber da decisão da comissão de remunerações) os salários dos administradores, abre espaço a mais cortes.
A aposta no aumento da eficiência tem muitas vantagens. Primeiro, esta é uma das condições mais duradouras de sucesso a nível de resultados, logo de criação de valor para o accionista. Uma segunda vantagem deriva do facto de ser uma tarefa interna e não estar tão dependente da conjuntura, que se adivinha complicada. Com um PIB fraco, com taxas de juros elevadas e com aperto nas concessões de empréstimo, não é de crer que o mercado de crédito tenha crescimentos elevados no triénio. Logo, a concentração nos ganhos de eficiência abre margem para crescimento dos resultados num contexto de actividade modesto.
2. Investidores.
O momento em que ocorre este aumento de capital é especialmente complicado, o que requer cuidados redobrados. Dada a evolução das cotações do BCP, considero quase certo que os actuais accionistas qualificados serão vendedores líquidos de direitos de subscrição de novas acções. Muitos estão já tão endividados, que poucos parecem estar a aproveitar os “saldos” nas cotações par reforçar as suas posições. Já quanto aos pequenos accionistas, com o que já sofreram, parece-me seguro esperar que também sejam vendedores líquidos de direitos.
Quem se afigura como comprador líquido de direitos será talvez a Sonangol, mas não deverá compensar a venda de direitos de outros accionistas qualificados. Os fundos de acções, que fugiram maciçamente do BCP, poderão voltar agora e, para eles a credibilidade do Plano 2010 vai ser absolutamente essencial para os convencer a entrar de novo.
Para além disso, julgo que a administração deveria estar a trabalhar em outras vias, seguidas recentemente pela UBS, entre outros: procurar novos accionistas ricos como os fundos soberanos, que estão cheios de liquidez (aliás a própria Sonangol funciona como fundo soberano). Estes pretendem apenas ter carteiras diversificadas e não me parece que haja muitos riscos de tomada de controlo. Aqui, de novo o Plano 2010 será essencial para os conquistar.
O Plano (revisto) para os próximos três anos é absolutamente essencial para captar os investidores necessários para o sucesso do aumento de capital. Atenção que colocar as acções não é sucesso, até porque a própria colocação já está garantida (a que preço?). O essencial é que a colocação seja feita sem mais desvalorizações da cotação do BCP.
Para o sucesso da operação julgo que o essencial não é prometer um grande crescimento orgânico da actividade (espero que não andem com lirismos de aquisições), mas uma fortíssima aposta nos ganhos de eficiência. Vergonhosamente, esta é uma área em que o BCP está muito mal colocado. O que também tem as suas vantagens: como a situação é péssima, obter grandes melhorias é muito mais fácil. Neste aspecto, a mudança completa de equipa pode ser uma mais valia poderosíssima. O facto de se ter diminuído muitíssimo (ainda que até se saber da decisão da comissão de remunerações) os salários dos administradores, abre espaço a mais cortes.
A aposta no aumento da eficiência tem muitas vantagens. Primeiro, esta é uma das condições mais duradouras de sucesso a nível de resultados, logo de criação de valor para o accionista. Uma segunda vantagem deriva do facto de ser uma tarefa interna e não estar tão dependente da conjuntura, que se adivinha complicada. Com um PIB fraco, com taxas de juros elevadas e com aperto nas concessões de empréstimo, não é de crer que o mercado de crédito tenha crescimentos elevados no triénio. Logo, a concentração nos ganhos de eficiência abre margem para crescimento dos resultados num contexto de actividade modesto.
2. Investidores.
O momento em que ocorre este aumento de capital é especialmente complicado, o que requer cuidados redobrados. Dada a evolução das cotações do BCP, considero quase certo que os actuais accionistas qualificados serão vendedores líquidos de direitos de subscrição de novas acções. Muitos estão já tão endividados, que poucos parecem estar a aproveitar os “saldos” nas cotações par reforçar as suas posições. Já quanto aos pequenos accionistas, com o que já sofreram, parece-me seguro esperar que também sejam vendedores líquidos de direitos.
Quem se afigura como comprador líquido de direitos será talvez a Sonangol, mas não deverá compensar a venda de direitos de outros accionistas qualificados. Os fundos de acções, que fugiram maciçamente do BCP, poderão voltar agora e, para eles a credibilidade do Plano 2010 vai ser absolutamente essencial para os convencer a entrar de novo.
Para além disso, julgo que a administração deveria estar a trabalhar em outras vias, seguidas recentemente pela UBS, entre outros: procurar novos accionistas ricos como os fundos soberanos, que estão cheios de liquidez (aliás a própria Sonangol funciona como fundo soberano). Estes pretendem apenas ter carteiras diversificadas e não me parece que haja muitos riscos de tomada de controlo. Aqui, de novo o Plano 2010 será essencial para os conquistar.
Empréstimo à CML
Ainda sobre este empréstimo, repito o que já defendi aqui: a CGD deve ser completamente privatizada e nunca parcialmente (o pior dos mundos, a gerar as piores suspeições de tráfico político).
Até lá defendo que a CGD não financie qualquer autarquia, pelo menos isoladamente. Parece-me razoável que participe num sindicato bancário, desde que não numa posição proeminente. O facto de ser a CGD a financiar a CML não ajuda à imagem da operação, sabendo todos da permeabilidade política da instituição. Já agora que garantias está a CML a oferecer à CGD como garante da operação? O aval do Estado? Sempre se trata de uma operação a 12 anos e é uma grande incógnita quem estará no governo e na CML daqui a 12 anos.
Até lá defendo que a CGD não financie qualquer autarquia, pelo menos isoladamente. Parece-me razoável que participe num sindicato bancário, desde que não numa posição proeminente. O facto de ser a CGD a financiar a CML não ajuda à imagem da operação, sabendo todos da permeabilidade política da instituição. Já agora que garantias está a CML a oferecer à CGD como garante da operação? O aval do Estado? Sempre se trata de uma operação a 12 anos e é uma grande incógnita quem estará no governo e na CML daqui a 12 anos.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Lamentável
António Preto é acusado de fraude fiscal qualificada e de falsificação de documentos (Público de hoje, p. 12). A argumentação de defesa está entre o patético e o vergonhoso. Em vez de negar as acusações, questiona a validade das escutas por ser deputado. Felizmente a Relação aceitou a validade das escutas. Este tipo de situações é do mais insuportável para o cidadão médio. Podem-se fazer as maiores tropelias, mas se a investigação pisar um risco qualquer, tudo vai abaixo, embora não haja a menor dúvida de que uma ilegalidade foi cometida. Ou então, ter imunidade parlamentar e então parece que até já se podem praticar homicídios, que se fica impune.
Já agora, o que é que os deputados estão à espera de especificar que a imunidade parlamentar não é geral, mas apenas específica de trabalho político? Este novo exemplo não serve para lhes abrir os olhos?
Já agora, o que é que os deputados estão à espera de especificar que a imunidade parlamentar não é geral, mas apenas específica de trabalho político? Este novo exemplo não serve para lhes abrir os olhos?
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Costa a derrapar
Segundo o Público de hoje, p. 10, António Costa falou com “vários juristas” que se “manifestaram ‘surpreendidos pelo facto de o Tribunal de Contas ter apreciado o mérito do plano’ ” de saneamento financeiro da CML. Embora na mesma página Saldanha Sanches, mandatário financeiro da campanha eleitoral de Costa tenha reconhecido que: “O plano foi aprovado depois de uma intensa negociação política, o que não costuma ser muito bom para a qualidade técnica dos planos”.
Reparem nos juristas que se surpreendem pelo TC ter apreciado o mérito do plano. Parece que estão habituados e acham o ideal que o TC aprove um plano péssimo, mas cumprindo todos os formalismos legais; e que o TC chumbe um bom plano, porque falta uma rubrica na 27ª página, ou falta o triplicado, ou etc… Em que mundo vivem estes juristas? Não admira que o mundo da “justiça” esteja no estado em que está.
Vital Moreira diz que TC está a tomar uma decisão política. Erro de análise. Se o TC viesse dizer que o caminho não pode ser este, têm que ir por uma maior redução da despesa em vez de um aumento das receitas, aí o TC estaria a querer subverter escolhas políticas da CML. Mas quando o TC apenas diz que este plano não é coerente e que não reúne as condições de criar os meios para a amortização posterior do empréstimo, isto é uma avaliação técnica e não política.
Como sair daqui? Costa parece que está a considerar todas as hipóteses. Entre uma guerra estúpida com o TC ou melhorar a qualidade do plano de saneamento financeiro. Qual vos parece a solução mais sensata?
Reparem nos juristas que se surpreendem pelo TC ter apreciado o mérito do plano. Parece que estão habituados e acham o ideal que o TC aprove um plano péssimo, mas cumprindo todos os formalismos legais; e que o TC chumbe um bom plano, porque falta uma rubrica na 27ª página, ou falta o triplicado, ou etc… Em que mundo vivem estes juristas? Não admira que o mundo da “justiça” esteja no estado em que está.
Vital Moreira diz que TC está a tomar uma decisão política. Erro de análise. Se o TC viesse dizer que o caminho não pode ser este, têm que ir por uma maior redução da despesa em vez de um aumento das receitas, aí o TC estaria a querer subverter escolhas políticas da CML. Mas quando o TC apenas diz que este plano não é coerente e que não reúne as condições de criar os meios para a amortização posterior do empréstimo, isto é uma avaliação técnica e não política.
Como sair daqui? Costa parece que está a considerar todas as hipóteses. Entre uma guerra estúpida com o TC ou melhorar a qualidade do plano de saneamento financeiro. Qual vos parece a solução mais sensata?
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Empréstimo por um canudo
Andam por aí umas almas a dizer que António Costa autarca foi tramado pelo António Costa ministro que publicou uma lei que está a tramar a estratégia de Costa para a CML. Discordo. O Tribunal de Contas chumbou o empréstimo não por violar qualquer lei, mas porque a proposta apresentada estava muito mal feita. Falta de qualidade mesmo. Desde já se saúda a atitude do TC de, em vez de se preocupar com a vírgula jurídica, ir à essência da questão.
Citação do TC, retirada do Público de hoje, p. 10: “Um orçamento e um plano, para serem credíveis, devem emergir desses objectivos concretizados, quantificáveis e controláveis e não de meros anseios que ‘só por milagre’ possam ser atingidos”. Como indirecta, não podia ser mais demolidora.
António Costa tinha um péssimo plano, que mal tocava no monstro burocrático e ineficiente que é a CML, aumentava impostos (um escândalo!) e adiava os problemas para o futuro com um cómodo empréstimo. Ainda bem que o TC o vai impedir. Pode ser que assim Costa seja obrigado a cortar a sério. São péssimas notícias para Costa, mas talvez sejam boas notícias para a cidade, assim Costa assuma a via dolorosa. Uma coisa é certa, o tempo é pouquíssimo.
Uma dúvida: como é que Costa se deixou cair neste buraco, por pura falta de qualidade da proposta? Será que já está tão cheio de si próprio que acha que basta o seu nome para abrir todas as portas? Como já se referiu, se este era um ministro com muito peso e muita experiência, o que será da qualidade dos que ficaram no governo?
Citação do TC, retirada do Público de hoje, p. 10: “Um orçamento e um plano, para serem credíveis, devem emergir desses objectivos concretizados, quantificáveis e controláveis e não de meros anseios que ‘só por milagre’ possam ser atingidos”. Como indirecta, não podia ser mais demolidora.
António Costa tinha um péssimo plano, que mal tocava no monstro burocrático e ineficiente que é a CML, aumentava impostos (um escândalo!) e adiava os problemas para o futuro com um cómodo empréstimo. Ainda bem que o TC o vai impedir. Pode ser que assim Costa seja obrigado a cortar a sério. São péssimas notícias para Costa, mas talvez sejam boas notícias para a cidade, assim Costa assuma a via dolorosa. Uma coisa é certa, o tempo é pouquíssimo.
Uma dúvida: como é que Costa se deixou cair neste buraco, por pura falta de qualidade da proposta? Será que já está tão cheio de si próprio que acha que basta o seu nome para abrir todas as portas? Como já se referiu, se este era um ministro com muito peso e muita experiência, o que será da qualidade dos que ficaram no governo?
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PSD de mal a pior
Do Diário Económico online:
“Crise no BCP 2008-02-20 11:28
PSD veta ida de Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto à Assembleia da República”
Ver aqui
Uma decisão que só pode ter as piores leituras. Pois bem, ainda não passaram duas horas desde que esta notícia está em linha, já há uma verdadeira chuva de comentários, quase todos indignados com esta decisão do PSD. Como seria de esperar.
O que surpreende é o quão esta decisão é irreflectida. Estes tipos nunca dedicam 2 segundos a reflectir sobre as possíveis consequências de determinada decisão, de determinada declaração? É evidente que estão a proteger dois amigos, mas não haveria uma outra forma de fazer isto, se querem mesmo fazê-lo, que não provoque um tão forte clamor de indignação?
É evidente que é por episódios como este que a política tem uma fama péssima e o parlamento tem uma fama ainda pior.
“Crise no BCP 2008-02-20 11:28
PSD veta ida de Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto à Assembleia da República”
Ver aqui
Uma decisão que só pode ter as piores leituras. Pois bem, ainda não passaram duas horas desde que esta notícia está em linha, já há uma verdadeira chuva de comentários, quase todos indignados com esta decisão do PSD. Como seria de esperar.
O que surpreende é o quão esta decisão é irreflectida. Estes tipos nunca dedicam 2 segundos a reflectir sobre as possíveis consequências de determinada decisão, de determinada declaração? É evidente que estão a proteger dois amigos, mas não haveria uma outra forma de fazer isto, se querem mesmo fazê-lo, que não provoque um tão forte clamor de indignação?
É evidente que é por episódios como este que a política tem uma fama péssima e o parlamento tem uma fama ainda pior.
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Menezes sempre a descer
Menezes parece julgar que ser presidente de um partido é ter o direito de decidir autocraticamente sobre tudo e sem consultar ninguém. Manifestamente, Menezes tem fortes ilusões sobre o seu verdadeiro poder. Imagina que é muito maior do que verdadeiramente é.
Em quaisquer circunstâncias, manda a prudência que antes de uma decisão se consultem os que estão mais próximo dela. Mas se se quer mandar a preparação às malvas, convém não dar um passo maior do que a perna. Se Sócrates decidisse alguma coisa, nenhum chefe da sua bancada parlamentar se atreveria a protestar, pelo menos abertamente. Mas Menezes não é Sócrates.
Do Público de hoje, p. 8, Santana “surpreendido” com declarações de Menezes. 1º problema: falta de poder. Se Menezes mandasse mesmo, Santana não apareceria como adversário praticamente à mesma altura. 2º problema: falta de coordenação. Como é que Menezes pode imaginar que não precisa de informar Santana de uma mudança de posição sobre um assunto que está em cima da mesa?
Como é que alguém com sinais evidentes de falta de poder e falta de capacidade de coordenação mínima imagina que pode concorrer a PM?
A propósito, então e os porta-vozes sectoriais prometidos quando é que chegam? Será que Menezes está com medo de mais protagonistas que lhe reduzam a importância e a visibilidade?
Em quaisquer circunstâncias, manda a prudência que antes de uma decisão se consultem os que estão mais próximo dela. Mas se se quer mandar a preparação às malvas, convém não dar um passo maior do que a perna. Se Sócrates decidisse alguma coisa, nenhum chefe da sua bancada parlamentar se atreveria a protestar, pelo menos abertamente. Mas Menezes não é Sócrates.
Do Público de hoje, p. 8, Santana “surpreendido” com declarações de Menezes. 1º problema: falta de poder. Se Menezes mandasse mesmo, Santana não apareceria como adversário praticamente à mesma altura. 2º problema: falta de coordenação. Como é que Menezes pode imaginar que não precisa de informar Santana de uma mudança de posição sobre um assunto que está em cima da mesa?
Como é que alguém com sinais evidentes de falta de poder e falta de capacidade de coordenação mínima imagina que pode concorrer a PM?
A propósito, então e os porta-vozes sectoriais prometidos quando é que chegam? Será que Menezes está com medo de mais protagonistas que lhe reduzam a importância e a visibilidade?
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Entrevista domesticada
Sócrates deu ontem uma entrevista à SIC, uma entrevista totalmente domesticada (o preço a pagar para receber o PM?). A SIC poderá ter conseguido um furo, mas claramente não saiu prestigiada.
Sócrates auto-elogiou-se até à náusea, não admitindo quaisquer erros nos últimos três anos. Para além da óbvia falta de honestidade que ressalta desta postura, ressalta ainda a falta de inteligência política. Se o discurso fosse mais matizado, mantendo um tom genericamente positivo, poderia ter alguma adesão ao sentimento das pessoas. Mas nesse tom tão excessivo fica completamente desfocado da realidade. Sócrates esquece que já vamos em muitos anos de “massacre” e, ao contrário do que ele esperava, 2008 vai ser economicamente difícil, por via da conjuntura internacional.
Uma postura mais modesta seria politicamente mais atraente. Mas Sócrates começa a levantar dúvidas sobre se quer ficar para além de 2009. Isto tanto pode ser uma antecipação de uma despedida quase já decidida, como o abrir de uma janela para uma saída pelo seu próprio pé, se perceber, mais perto do acontecimento, que não tem hipóteses de re-eleição. Por agora, Menezes é um seguro para Sócrates, mas é provável que Sócrates duvide que Menezes chegue a 2009.
Sócrates auto-elogiou-se até à náusea, não admitindo quaisquer erros nos últimos três anos. Para além da óbvia falta de honestidade que ressalta desta postura, ressalta ainda a falta de inteligência política. Se o discurso fosse mais matizado, mantendo um tom genericamente positivo, poderia ter alguma adesão ao sentimento das pessoas. Mas nesse tom tão excessivo fica completamente desfocado da realidade. Sócrates esquece que já vamos em muitos anos de “massacre” e, ao contrário do que ele esperava, 2008 vai ser economicamente difícil, por via da conjuntura internacional.
Uma postura mais modesta seria politicamente mais atraente. Mas Sócrates começa a levantar dúvidas sobre se quer ficar para além de 2009. Isto tanto pode ser uma antecipação de uma despedida quase já decidida, como o abrir de uma janela para uma saída pelo seu próprio pé, se perceber, mais perto do acontecimento, que não tem hipóteses de re-eleição. Por agora, Menezes é um seguro para Sócrates, mas é provável que Sócrates duvide que Menezes chegue a 2009.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Judiciosa escolha de palavras
Tal como Sócrates não afirmou preto no branco que tinha executado o que assinou das “obras primas” lá de cima, também agora Durão Barroso, a propósito do Casino do Estoril-Sol veio dizer indirectamente:
“Leonor Ribeiro da Silva adiantou que o presidente da Comissão Europeia "pode apenas dizer que não tem, nem nunca teve conhecimento de alguma decisão de algum membro do seu Governo que tivesse favorecido ilegitimamente qualquer empresa privada".
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/empresas/pt/desarrollo/1090998.html
Que linda frase, tão redonda. Reparem como esta frase poderia ser dita a propósito do Casino de Lisboa, como de um licenciamento de uma fábrica de alfinetes em Bragança, como … etc. É claro que o ex-PM não vai reconhecer que cometeu o quer que seja de ilegítimo. Proponho, que nos esclareça sobre os factos CONCRETOS e nos deixe a nós a tarefa de avaliar a sua (i)legitimidade.
A questão de haver ou não reversibilidade para o Estado do edifício do Casino no final da concessão é basicamente arbitrária. O que não é de todo arbitrário é qual a contrapartida num caso ou noutro. Por isso as questões que se colocam são: 1) é verdade que o governo de Barroso assumiu o compromisso verbal da não reversibilidade? 2) Qual foi o aumento da contrapartida da Estoril Sol, em troca da não reversibilidade?
“Leonor Ribeiro da Silva adiantou que o presidente da Comissão Europeia "pode apenas dizer que não tem, nem nunca teve conhecimento de alguma decisão de algum membro do seu Governo que tivesse favorecido ilegitimamente qualquer empresa privada".
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/empresas/pt/desarrollo/1090998.html
Que linda frase, tão redonda. Reparem como esta frase poderia ser dita a propósito do Casino de Lisboa, como de um licenciamento de uma fábrica de alfinetes em Bragança, como … etc. É claro que o ex-PM não vai reconhecer que cometeu o quer que seja de ilegítimo. Proponho, que nos esclareça sobre os factos CONCRETOS e nos deixe a nós a tarefa de avaliar a sua (i)legitimidade.
A questão de haver ou não reversibilidade para o Estado do edifício do Casino no final da concessão é basicamente arbitrária. O que não é de todo arbitrário é qual a contrapartida num caso ou noutro. Por isso as questões que se colocam são: 1) é verdade que o governo de Barroso assumiu o compromisso verbal da não reversibilidade? 2) Qual foi o aumento da contrapartida da Estoril Sol, em troca da não reversibilidade?
Ao eleitor idiota e/ou irresponsável
Atenção isto é dirigido aos portugueses mais estúpidos, mais pateticamente ingénuos e irresponsáveis. Menezes promete que com o PSD no poder terão “políticas coerentes e não fechará mais nenhum serviço público durante uma legislatura.” (Público de hoje, p. 11).
A promessa de não fechar nenhum serviço público é ridícula, porque radical. Implica que mesmo que se identifique um serviço que fique esvaziado de funções, devido a um processo de desburocratização, ele não será fechado. Ou talvez, o processo de desburocratização não avance para que o serviço não fique esvaziado de funções…
Agora reparem no “durante uma legislatura”. Isto significa que passado este interregno, já se poderão fechar serviços. Ou seja, promete-se uma legislatura em que a reforma do Estado pára, para descanso.
Leram “políticas coerentes”? Já pararam de rir? O político que fala em desmantelar o Estado em seis meses (embora tenha tido “algumas” dificuldades em concretizar – teve uma ideia gira, mas falta de tempo para se debruçar sobre ela) quer parar a reforma do Estado durante uma legislatura. Coerência?
Pergunto eu: quem é que, não sendo um completo idiota e ingénuo pode levar a sério este tipo de promessas? Este é o tipo de promessas em que não se pode dizer depois: “fui enganado”. Não, se você acreditou nesta promessa ridícula, das duas uma: ou você é um perfeito imbecil incapaz da mais leve análise do que ouve ou você é um irresponsável, que quer ser enganado.
São os eleitores que querem ser enganados que promovem as carreiras políticas dos políticos mentirosos. Você votou em Durão Barroso quando ele propôs o choque fiscal? Votou por causa desta promessa ou apesar dela? Se votou por causa dessa promessa, você queria ser enganado. Não percebeu que essa promessa chocava frontalmente com o discurso que o PSD (mais o governador do Banco de Portugal, os melhores economistas portugueses, etc) vinha tendo sobre a grave crise orçamental?
Menezes ou está demasiado tempo calado, à espera que Sócrates caia por si ou, quando abre a boca, só diz asneiras.
A promessa de não fechar nenhum serviço público é ridícula, porque radical. Implica que mesmo que se identifique um serviço que fique esvaziado de funções, devido a um processo de desburocratização, ele não será fechado. Ou talvez, o processo de desburocratização não avance para que o serviço não fique esvaziado de funções…
Agora reparem no “durante uma legislatura”. Isto significa que passado este interregno, já se poderão fechar serviços. Ou seja, promete-se uma legislatura em que a reforma do Estado pára, para descanso.
Leram “políticas coerentes”? Já pararam de rir? O político que fala em desmantelar o Estado em seis meses (embora tenha tido “algumas” dificuldades em concretizar – teve uma ideia gira, mas falta de tempo para se debruçar sobre ela) quer parar a reforma do Estado durante uma legislatura. Coerência?
Pergunto eu: quem é que, não sendo um completo idiota e ingénuo pode levar a sério este tipo de promessas? Este é o tipo de promessas em que não se pode dizer depois: “fui enganado”. Não, se você acreditou nesta promessa ridícula, das duas uma: ou você é um perfeito imbecil incapaz da mais leve análise do que ouve ou você é um irresponsável, que quer ser enganado.
São os eleitores que querem ser enganados que promovem as carreiras políticas dos políticos mentirosos. Você votou em Durão Barroso quando ele propôs o choque fiscal? Votou por causa desta promessa ou apesar dela? Se votou por causa dessa promessa, você queria ser enganado. Não percebeu que essa promessa chocava frontalmente com o discurso que o PSD (mais o governador do Banco de Portugal, os melhores economistas portugueses, etc) vinha tendo sobre a grave crise orçamental?
Menezes ou está demasiado tempo calado, à espera que Sócrates caia por si ou, quando abre a boca, só diz asneiras.
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Kafkiano
Ricardo Bexiga, vítima de agressões, viu o seu processo arquivado. O despacho de arquivamento refere que na altura da agressão nem “foram recolhidas impressões digitais”. Hoje Bexiga protesta, alegando que o caso terá estado na gaveta. Os procuradores ameaçam apresentar queixa-crime por difamação (Público de hoje, p.6). É inacreditável. Alguém que foi obviamente vítima de uma clamorosa inoperância da justiça e protesta por isso é, em suplemento, vítima de acusação de queixa-crime por protestar contra a falta de justiça.
Quão mais baixo é possível descer a justiça em Portugal? Os senhores procuradores não acham que fariam melhor em explicar como é que um caso como este pode acontecer ao público a quem é suposto servirem? Não percebem que as pessoas não conseguem perceber como é que isto pode acontecer? Não percebem que as pessoas o que entendem é que uma pessoa, óbvia vítima do não funcionamento da justiça, merece um óbvio pedido de desculpas e não uma queixa-crime?
Quão mais baixo é possível descer a justiça em Portugal? Os senhores procuradores não acham que fariam melhor em explicar como é que um caso como este pode acontecer ao público a quem é suposto servirem? Não percebem que as pessoas não conseguem perceber como é que isto pode acontecer? Não percebem que as pessoas o que entendem é que uma pessoa, óbvia vítima do não funcionamento da justiça, merece um óbvio pedido de desculpas e não uma queixa-crime?
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Recomendado
Rui Ramos, hoje no Público, p. 37, imperdível e hilariante: “A falta que a oposição nos faz”
Algumas pérolas:
“segundo os nossos governantes, quase todos estamos a soldo dos mais inconfessáveis interesses e com um só objectivo: emperrar o processo de beatificação cívica dos donos do Estado.”
A oposição “nunca existirá verdadeiramente enquanto o PSD estiver submetido à comissão liquidatária encabeçada por Menezes e Santana.”
Algumas pérolas:
“segundo os nossos governantes, quase todos estamos a soldo dos mais inconfessáveis interesses e com um só objectivo: emperrar o processo de beatificação cívica dos donos do Estado.”
A oposição “nunca existirá verdadeiramente enquanto o PSD estiver submetido à comissão liquidatária encabeçada por Menezes e Santana.”
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Previsões económicas
A recolha de previsões económicas no Economist de 9 de Fevereiro está longe de ser um desastre. Para os EUA a previsão de crescimento em 2008 desceu duas décimas para 1,6% e a de 2009 desceu uma décima para 2,5%. A pior previsão deste conjunto continua a prever 0,8% para o corrente ano, ou seja, pode ser que o princípio seja mau, mas o conjunto do ano não se afigura como um desastre.
Para a zona do euro a previsão para este ano mantém-se nos 1,8% e só a do próximo ano desce uma décima para 1,9%. Ou seja, os impactos da desaceleração dos EUA na Europa prevêem-se muto limitados.
Dado que a desaceleração que se prevê ser limitada quer no tempo, quer em extensão, torna-se mais difícil de perceber a forte queda nas bolsas. Só resta uma explicação: a crise do subprime fez subir de forma sustentada o preço do risco. Havia anteriormente uma percepção desfasada do risco e daí do seu próprio preço. Agora, com o custo do subprime em reavaliação sucessiva (já se falam em perdas globais de 400 biliões de dólares), há um aumento do preço do risco, com impacto directo sobre as acções.
Para a zona do euro a previsão para este ano mantém-se nos 1,8% e só a do próximo ano desce uma décima para 1,9%. Ou seja, os impactos da desaceleração dos EUA na Europa prevêem-se muto limitados.
Dado que a desaceleração que se prevê ser limitada quer no tempo, quer em extensão, torna-se mais difícil de perceber a forte queda nas bolsas. Só resta uma explicação: a crise do subprime fez subir de forma sustentada o preço do risco. Havia anteriormente uma percepção desfasada do risco e daí do seu próprio preço. Agora, com o custo do subprime em reavaliação sucessiva (já se falam em perdas globais de 400 biliões de dólares), há um aumento do preço do risco, com impacto directo sobre as acções.
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Aguardamos esclarecimentos
"O Crime", 7 Fev 08, capa (realce) (via António Balbino Caldeira)
Não tenho prazer nenhum em publicar uma capa desta publicação, mas penso que o PM nos deve alguns esclarecimentos.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Projecção
Júdice está convicto de que “António Marinho Pinto (…) vai ser o candidato presidencial da esquerda, contra Cavaco Silva, em 2011.” (Público de hoje, p. 8) Dá ideia que Júdice vê Marinho Pinto a roubar-lhe o guião. Marinho, ainda segundo Júdice, “tem uma tribuna magnífica”. Dá ideia que Júdice foi bastonário para ter acesso a essa mesma tribuna, pensando-a como rampa de acesso à Presidência da República. Como a área do centro direita estava ocupada, eis que Júdice se afasta do PSD e se aproxima do PS.
Já há muito que se tinha percebido que Júdice se estava a fazer ao piso como candidato presidencial do PS, onde há um vazio. Agora, sob a forma de projecção, Júdice revela o seu desejo. Duvido muito sinceramente que Marinho tenha essa ambição.
É possível que Júdice até desse um bom PR, mas a cambalhota que deu para se oferecer ao PS retirou-lhe toda a credibilidade.
Já há muito que se tinha percebido que Júdice se estava a fazer ao piso como candidato presidencial do PS, onde há um vazio. Agora, sob a forma de projecção, Júdice revela o seu desejo. Duvido muito sinceramente que Marinho tenha essa ambição.
É possível que Júdice até desse um bom PR, mas a cambalhota que deu para se oferecer ao PS retirou-lhe toda a credibilidade.
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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Menezes castigado
A sondagem mensal de Expresso de Fevereiro, publicada no sábado passado, dá resultados contraditórios entre a evolução dos principais partidos e dos respectivos líderes. O PS cai 0,8% para 42,5%, enquanto Sócrates sobe 0,8% para 31,4%. No PSD passa-se o inverso. Enquanto o PSD beneficia parcialmente desta queda (sobe 0,5% para 33,0%), mantendo-se muito afastado de disputar a primazia com o PS em pé de igualdade, Menezes é dos líderes que mais cai (-1,1%, a par de Jerónimo de Sousa) obtendo o pior resultado desde Novembro, quando estes inquéritos passaram a incluí-lo.
As diferenças entre PS e PSD estão-se a estreitar, mas não faz muito sentido o PSD clamar que “já cheira a poder”. O PS ainda obtém resultados que o colocam próximo da maioria absoluta, enquanto o PSD vai melhorando penosamente. Relembre-se que os actuais resultados do PSD são piores do que ele tinha em meados de 2007, tendo inclusive atingido os 35% de intenções de voto em Jul-07. Continua a ser ridículo falar em desgaste do governo e imaginar que a alternância está à beira da esquina.
Mais ridículas são certas ilusões sobre os protagonistas dessa esperada (outro comentador escreveria “putativa”) alternância. Se há um ligeiro estreitamento entre PS e PSD (cai 1,3% para 9,5%), há um alargamento do abismo que separa Sócrates de Menezes (sobe 1,9% para 27,3%). Ou seja, o PSD até pode estar com um pouco mais de hipóteses de contestar eleitoralmente o PS, mas não com este líder.
Outra questão que me merece destaque é a diferença entre a duração do “estado de graça” de Sócrates e o de Menezes. O de Sócrates durou bastante tempo, apesar de estar a tomar (ou aparentar tomar) medidas difíceis. Já Menezes, que surgiu num período em que o governo está fragilizado, a economia está a divergir há muitos anos, não consegue aguentar-se mais de três meses!
As diferenças entre PS e PSD estão-se a estreitar, mas não faz muito sentido o PSD clamar que “já cheira a poder”. O PS ainda obtém resultados que o colocam próximo da maioria absoluta, enquanto o PSD vai melhorando penosamente. Relembre-se que os actuais resultados do PSD são piores do que ele tinha em meados de 2007, tendo inclusive atingido os 35% de intenções de voto em Jul-07. Continua a ser ridículo falar em desgaste do governo e imaginar que a alternância está à beira da esquina.
Mais ridículas são certas ilusões sobre os protagonistas dessa esperada (outro comentador escreveria “putativa”) alternância. Se há um ligeiro estreitamento entre PS e PSD (cai 1,3% para 9,5%), há um alargamento do abismo que separa Sócrates de Menezes (sobe 1,9% para 27,3%). Ou seja, o PSD até pode estar com um pouco mais de hipóteses de contestar eleitoralmente o PS, mas não com este líder.
Outra questão que me merece destaque é a diferença entre a duração do “estado de graça” de Sócrates e o de Menezes. O de Sócrates durou bastante tempo, apesar de estar a tomar (ou aparentar tomar) medidas difíceis. Já Menezes, que surgiu num período em que o governo está fragilizado, a economia está a divergir há muitos anos, não consegue aguentar-se mais de três meses!
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Os projectos de Sócrates
No Público de hoje:
"José Sócrates assinou numerosos projectos de edifícios na Guarda, ao longo da década de 80, cuja autoria os donos das obras garantem não ser dele. Nalguns casos, esses documentos eram manuscritos com a letra de Fernando Caldeira, um colega de curso do actual primeiro-ministro que era funcionário do município e que, por isso, não podia assumir a autoria de projectos na área do concelho.
Destacam-se os processos em que o primeiro-ministro, então engenheiro técnico ao serviço da vizinha Câmara da Covilhã, assina – quase sempre com reconhecimento notarial – peças manuscritas, nomeadamente memórias descritivas, termos de responsabilidade e cálculos de betão, em que a caligrafia usada nada tem a ver com a de José Sócrates. Muitas vezes, essa caligrafia, inconfundível, é a mesma que aparece nos autos das vistorias realizadas no fim das obras pelos técnicos da Câmara da Guarda: a letra de Fernando Caldeira, colega de curso do primeiro-ministro e que, por ser funcionário do município, estava legalmente impedido de subscrever projectos na área do concelho."
[copiado do 31 da Armada}
Ver a galeria de projectos aqui:
Será que temos aqui um tema equivalente ao da Universidade Independente, com a particularidade de vir apanhar o PM num momento em que este está muito mais fragilizado do que então?
Aguarda-se o novo "boneco" do Ricardo Araújo Pereira sobre o tema.
"José Sócrates assinou numerosos projectos de edifícios na Guarda, ao longo da década de 80, cuja autoria os donos das obras garantem não ser dele. Nalguns casos, esses documentos eram manuscritos com a letra de Fernando Caldeira, um colega de curso do actual primeiro-ministro que era funcionário do município e que, por isso, não podia assumir a autoria de projectos na área do concelho.
Destacam-se os processos em que o primeiro-ministro, então engenheiro técnico ao serviço da vizinha Câmara da Covilhã, assina – quase sempre com reconhecimento notarial – peças manuscritas, nomeadamente memórias descritivas, termos de responsabilidade e cálculos de betão, em que a caligrafia usada nada tem a ver com a de José Sócrates. Muitas vezes, essa caligrafia, inconfundível, é a mesma que aparece nos autos das vistorias realizadas no fim das obras pelos técnicos da Câmara da Guarda: a letra de Fernando Caldeira, colega de curso do primeiro-ministro e que, por ser funcionário do município, estava legalmente impedido de subscrever projectos na área do concelho."
[copiado do 31 da Armada}
Ver a galeria de projectos aqui:
Será que temos aqui um tema equivalente ao da Universidade Independente, com a particularidade de vir apanhar o PM num momento em que este está muito mais fragilizado do que então?
Aguarda-se o novo "boneco" do Ricardo Araújo Pereira sobre o tema.
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