terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O aumento de capital do BCP

1. Plano Millenium 2010.
O Plano (revisto) para os próximos três anos é absolutamente essencial para captar os investidores necessários para o sucesso do aumento de capital. Atenção que colocar as acções não é sucesso, até porque a própria colocação já está garantida (a que preço?). O essencial é que a colocação seja feita sem mais desvalorizações da cotação do BCP.

Para o sucesso da operação julgo que o essencial não é prometer um grande crescimento orgânico da actividade (espero que não andem com lirismos de aquisições), mas uma fortíssima aposta nos ganhos de eficiência. Vergonhosamente, esta é uma área em que o BCP está muito mal colocado. O que também tem as suas vantagens: como a situação é péssima, obter grandes melhorias é muito mais fácil. Neste aspecto, a mudança completa de equipa pode ser uma mais valia poderosíssima. O facto de se ter diminuído muitíssimo (ainda que até se saber da decisão da comissão de remunerações) os salários dos administradores, abre espaço a mais cortes.

A aposta no aumento da eficiência tem muitas vantagens. Primeiro, esta é uma das condições mais duradouras de sucesso a nível de resultados, logo de criação de valor para o accionista. Uma segunda vantagem deriva do facto de ser uma tarefa interna e não estar tão dependente da conjuntura, que se adivinha complicada. Com um PIB fraco, com taxas de juros elevadas e com aperto nas concessões de empréstimo, não é de crer que o mercado de crédito tenha crescimentos elevados no triénio. Logo, a concentração nos ganhos de eficiência abre margem para crescimento dos resultados num contexto de actividade modesto.

2. Investidores.
O momento em que ocorre este aumento de capital é especialmente complicado, o que requer cuidados redobrados. Dada a evolução das cotações do BCP, considero quase certo que os actuais accionistas qualificados serão vendedores líquidos de direitos de subscrição de novas acções. Muitos estão já tão endividados, que poucos parecem estar a aproveitar os “saldos” nas cotações par reforçar as suas posições. Já quanto aos pequenos accionistas, com o que já sofreram, parece-me seguro esperar que também sejam vendedores líquidos de direitos.

Quem se afigura como comprador líquido de direitos será talvez a Sonangol, mas não deverá compensar a venda de direitos de outros accionistas qualificados. Os fundos de acções, que fugiram maciçamente do BCP, poderão voltar agora e, para eles a credibilidade do Plano 2010 vai ser absolutamente essencial para os convencer a entrar de novo.

Para além disso, julgo que a administração deveria estar a trabalhar em outras vias, seguidas recentemente pela UBS, entre outros: procurar novos accionistas ricos como os fundos soberanos, que estão cheios de liquidez (aliás a própria Sonangol funciona como fundo soberano). Estes pretendem apenas ter carteiras diversificadas e não me parece que haja muitos riscos de tomada de controlo. Aqui, de novo o Plano 2010 será essencial para os conquistar.

1 comentário:

Helena Garrido disse...

Caro Pedro Braz Teixeira,
Tentei encontrar o seu mail no blog mas não consegui.
Pode por favor contactar-me através do Jornal de Negócio ou do gmail que é público no meu blog?
Gostaria de falar consigo.
Helena Garrido