Desde o início do ano que se assiste a uma fuga de depósitos da Grécia, em montantes volumosos (4% do PIB apenas nos dois primeiros meses de 2010. Neste momento estes movimentos são realizados pelos gregos mais ricos, já que para depósitos inferiores há garantias do Estado. Mas impõe-se perguntar até quando ou até que ponto estas garantias vão ser levadas a sério. Dito de outro modo, até que ponto é que esta fuga de depósitos se pode intensificar e ganhar uma dimensão gigantesca?
Os graves problemas orçamentais gregos e os seus problemas de financiamento estão a provocar uma fortíssima subida dos spreads que, por seu turno, estão a pôr e causa a solidez do sistema bancário grego.
A probabilidade de falência da generalidade dos bancos gregos não tem cessado de aumentar (espelhado nas quedas brutais das suas cotações), ainda que se mantenha a níveis baixos e ainda controláveis.
O problema é que, à medida que estes problemas se agudizem, começará a sentir-se cada vez mais premente a necessidade de utilizar a garantia do Estado sobre os “pequenos” depósitos. Num cenário desses fará sentido os depositantes gregos levarem a sério as garantias do Estado? Se o Estado mal consegue financiamento para a sua actual dívida, como imaginar que ele tem espaço para garantir uma divida adicional, que nem sequer é sua?
Chegados aqui convinha introduzir uma pequena nuance. A fuga de depósitos pode tomar genericamente duas formas: ou uma fuga de depósitos na Grécia para depósitos noutros países; ou um fuga de depósitos para notas guardadas em casa. Em qualquer dos casos são recursos que saem do sistema bancário grego e que terão que ser compensados com financiamento no exterior, financiamento quase inacessível.
Em resumo, um dos efeitos da bola de neve da crise grega é a fuga de depósitos, que não deverá ficar circunscrita aos grandes depositantes.
Talvez não seja evidente, mas o cenário descrito atrás também se pode vir a aplicar a Portugal.
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