Um dos aspectos mais desconcertantes da nossa classe política é a sua falta de inteligência política. Há outros defeitos, alguns mais graves como a corrupção, mas nenhum me surpreende mais do que esta falta de inteligência.
Vem isto a propósito do caso das viagens da Inês de Medeiros. O Público tem uma sondagem no seu site e as respostas são esmagadoras: 94% das respostas são contra a decisão do Parlamento de as pagar. Existe algum político profissional que possa, no seu perfeito juízo, dizer que fica surpreendido com estes resultados? Se estas viagens são pouco aceitáveis em tempos de vacas gordas, como aceitá-las num período em que nos confrontamos com a maior crise de finanças públicas das últimas décadas?
Como é que o PS votou a favor de semelhante erro? Não percebem o mal que esta decisão faz ao partido?
Como é que o CDS se absteve, permitindo assim a aprovação? Eu não aprecio muito o discurso populista deste partido, mas como é possível tamanha falta de coerência?
É extraordinário, mas quando nós pensávamos que o parlamento já tinha feito tudo para destruir a sua credibilidade, eis que somos confrontados com mais uma incompreensível decisão.
1 comentário:
Certissimo. Isto mostra como o parlamento e a classe política vivem hoje num mundo imaginário, completamente divorciados do país. Mostra igualmente que, tão ou mais grave do que a crise financeira, é a verdadeira bancarrota moral da classe dirigente, que perdeu consciência das mais elementares noções éticas e de comportamento.
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