A Grécia parece um barco a meter água, com o governo a não conseguir deitar fora a nova água que vai entrando. Hoje os spreads face à Alemanha ultrapassaram os 400pb.
Digamos que a razão imediata é que a Alemanha quer ler “não subsidiar os gregos” como exigindo que eles paguem o que os especuladores estão a forçá-los a pagar. O problema é que quanto mais os alemães teimam, mais os spreads gregos sobem. A atitude alemã está sistematicamente a dar razão aos especuladores, justificando que estes vão subindo sucessivamente a parada.
Parece que o governo alemão está com medo que o seu Tribunal Constitucional chumbe a ajuda. Temo que este problema não seja a explicação genuína. Dada a urgência de tomar uma decisão, seria preferível que o governo alemão arriscasse uma certa taxa de juro, por exemplo 5%, e esperasse pela decisão do Tribunal. Se o Tribunal vier dizer (que estranho…) que 5% é inconstitucional, mas 6% já não é, então os próximos empréstimos deveriam ser a 6%.
Digo os próximos empréstimos porque há aqui uma outra questão. Ao não ajudar já a Grécia, a Alemanha está a contribuir para uma forte depreciação do euro, pondo em causa o princípio constitucional (alemão) da estabilidade monetária.
Se a Alemanha estivesse de boa fé, deveria decidir um empréstimo de emergência e solicitar um esclarecimento – com urgência – ao seu Tribunal Constitucional para empréstimos posteriores.
Seria sempre possível (embora politicamente difícil) que a Alemanha emprestasse dinheiro à Grécia a taxas superiores aos restantes membros do euro. Como defendo que estes empréstimos devem ser voluntários, tanto os montantes como as taxas podem diferir entre credores, independentemente das quotas no BCE.
As taxas de juro dos empréstimos da zona euro à Grécia poderiam constituir um certo tecto para os restantes empréstimos. Como é evidente, Portugal deveria empenhar-se em construir uma solução rápida porque temos todas as condições para ser o “senhor que se segue”.
Sem comentários:
Enviar um comentário