Prossegue a denúncia
dos tipos de medidas tomadas contra o interesse nacional, que nos têm condenado
à estagnação.
9. Impedir a
resolução dos nossos mais graves problemas. Um dos aspectos em que Portugal
se apresenta pior colocado em comparação com – todos – os países de Leste, que
nos estão a ultrapassar sucessivamente, diz respeito ao nosso baixíssimo nível
de escolaridade e qualificações. Qualquer pessoa de mediano entendimento
pensaria que resolver este problema seria uma das maiores prioridades do país.
Pois bem, as melhores universidades do país, que milhares de
estudantes gostariam de frequentar, são proibidas pelo ministério de receber tantos
alunos como os que elas se consideram habilitadas a admitir, por um “numerus
clausus” totalmente obsoleto. O argumento é que assim se consegue obrigar os
estudantes a preferir universidades do interior, o que ajudaria a povoar estas
regiões. Isto não faz sentido, por duas razões. Em primeiro lugar, porque é
muito mais importante dar a melhor formação possível aos nossos jovens, que são
o futuro. Em segundo lugar, porque há medidas muitíssimo mais eficazes de
povoar o interior, já que os estudantes permanecem lá pouquíssimo tempo.
Fomentar actividades que tenham genuinamente a ver com o interior será
certamente mais eficaz e parar a esquizofrenia de provocar o despovoamento e
depois subsidiar o povoamento também, como bem denuncia António
Barreto.
Na formação profissional, o IEFP, onde se torram milhões,
especializou-se em acções de formação largamente inúteis, que as empresas não valorizam,
que parecem ter sobretudo como propósito tirar desempregados das estatísticas. Seria
muito mais útil fazer formação directamente nas empresas, que não só seria
muito mais útil para os trabalhadores, como lhes facilitaria encontrar emprego.
10. Medidas de
fachada. Medidas de fachadas são medidas folclóricas que resolvem, no
máximo, 1% dos problemas. Não há, aqui, a menor preocupação em solucionar o
problema, mas meramente sinalizar aos eleitores que o governo está atento à
questão. Estas medidas até são geralmente bem aceites, devido a uma oposição
débil, a uma comunicação pouco habituada a aprofundar os temas e por um
eleitorado pouco exigente. Muitas vezes, até há um ou outro comentador
especializado que desmonta as propostas, mas nem assim a comunicação lhes pega.
11. Medidas fetiche.
O esvaziamento ideológico ao centro deixa estes partidos numa posição difícil
de se diferenciarem do seu adversário. Isso tem conduzido à utilização de
medidas fetiche, de pura diferenciação de imagem, sem qualquer tipo de base
ideológica. Um exemplo claro deste tipo de decisões é a descida do IVA da
restauração, num momento em que o sector estava bem próspero com o turismo, uma
medida das mais absurdas, totalmente incompreensível que tenha sido tomada por
um governo de esquerda.
12. Promoção da subsidiodependência.
A promoção da subsidiodependência pode ter duas origens. A primeira ocorre
por incompetência, pelo mau desenho das políticas públicas. Quando, por
exemplo, o subsídio de desemprego está tão mal concebido ao ponto de fazer que
desempregados passem a ganhar menos se aceitarem um emprego (isto é quase
sempre assim para salários baixos), é natural que os desempregados façam tudo
para adiar a entrada no mercado de trabalho. O legislador não pretenderá que
isto aconteça, mas a sua incompetência conduz a este resultado, promovendo a
permanência na condição de desempregado, a receber subsidio.
A segunda origem é muito mais grave, quando ocorre por dolo.
Neste caso, o legislador tem consciência de estar a promover a
subsidiodependência, com o objectivo de maximizar o número de eleitores que
está sentado à mesa do Estado, para os poder manipular. Qualquer psicólogo sabe
que é essencial dar poder às pessoas sobre a sua própria vida (usam uma tradução
de “empowerment”, “empoderamento”, uma palavra esteticamente horrorosa, mas o
importante é o conceito). É criminosa a promoção consciente da
subsidiodependência, porque é o exacto oposto de dar poder às pessoas.
(continua)
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