A III República tem-se distinguido pela sua excepcional
incompetência e corrupção. Em termos de incompetência, conseguiu uma estagnação
económica nos últimos 15 anos, para além de ter atingido a quase bancarrota por
três vezes em menos de 40 anos.
Em termos de corrupção, certamente ajudada pela mais
vergonhosa das associações secretas, a Maçonaria, conseguiu um conluio
extractivo entre empresários do regime, partidos políticos e sistema judicial,
que foram conseguindo disfarçar o seu comportamento de sanguessugas, com a
ajuda do endividamento ao exterior, sobretudo a partir de 1995.
A crise internacional, a partir de 2008, e a crise do euro,
a partir do final de 2009, vieram colocar um ponto final num sistema económico
insustentável e com fraquíssimos resultados.
Os erros do GES, BES e PT expuseram-se a si próprios, com
uma modesta ajuda do Banco de Portugal. Quanto ao resto, parece que foram
necessárias algumas mudanças no topo do sistema judicial para que começassem a
ser conhecidas e verdadeiramente investigadas.
Para além de casos sortidos, como os de dois ex-ministros
socialistas condenados, tivemos o caso dos vistos Gold, que vieram revelar o
topo de uma administração pública escandalosamente corrupta.
O PS, partido que se tem confundido com o regime e que mais
tempo esteve no poder nas últimas duas décadas, teria necessariamente que
surgir como responsável da maioria dos casos. Não é uma questão de má vontade,
mas, em primeiro lugar, uma probabilidade estatística e, em segundo lugar, uma
especial apetência deste partido pela expansão do Estado e dos seus negócios.
A sombra que paira sobre a justiça tem esquecido outras
figuras, do PSD e outros partidos (em particular, os submarinos e Paulo
Portas), que deveriam estar a ser investigados.
Por isso, queremos saber quem foram as instâncias judiciais
(incluindo as mais altas) que atrasaram e/ou impediram os processos envolvendo
Sócrates que só agora vêm a luz do dia. Passaram-se tantos anos e só agora é
que há provas?
Fizeram tudo para impedir inúmeros processos de avançarem e,
ao instalarem um sentimento de impunidade, deixaram a corrupção aprofundar-se
muito mais. A corrupção na justiça está hoje a custar-nos muitos milhares de
milhões de euros em contratos absurdos e leoninos, contra os interesses do
Estado e dos contribuintes.
É importante recordar que o 25 de Abril varreu de cena a esmagadora
maioria da classe política e deu uma valente machadada na elite económica,
embora tenha deixado intacto o poder judicial, apesar de parte deste ter sido
cúmplice da repressão do Estado Novo.
O que me parece para lá de evidente é que a IV República,
que não deverá demorar muito tempo a chegar, terá que fazer uma profunda purga
ao poder judicial e colocar na cadeia todos os cúmplices dos políticos
corruptos e empresários corruptores.
[Publicado no DiárioEconómico]
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