sexta-feira, 4 de abril de 2014

Prefácio à 2ª edição

Pré-publicação do meu livro, que deverá estar disponível na próxima semana:

Passado cerca de ano e meio do lançamento da primeira edição deste livro, é chegada a hora de uma nova edição, revista e actualizada.

A revisão incide sobretudo sobre gralhas, questões de pormenor e de estilo. A única revisão importante prende-se com a previsão que fiz inicialmente, que o euro iria acabar em Portugal até ao final de 2012. Como é evidente, isso não se confirmou, mas continuo a prever que o euro não deverá ter muito mais tempo de vida. Saliento que nenhum dos problemas estruturais do euro foi até agora resolvido. Para além disso, também não parece existir margem, sobretudo política, para que isso venha a ocorrer em tempo útil.
A actualização prende-se com o tempo que decorreu entretanto, que trouxe algumas novidades, com destaque para o pedido de ajuda de Chipre, em Março de 2013, que foi excepcionalmente mal gerido. A inépcia em torno deste episódio reforça a ideia de que as lideranças europeias não têm soluções preparadas de antemão, estão a gerir a crise à medida que os problemas ocorrem e nem isso estão a fazer de forma minimamente satisfatória.

Foi acrescentado um capítulo sobre o programa da troika, onde se faz a sua avaliação, com algumas limitações, por estarmos ainda demasiado próximos.

A decepção em relação à prometida união bancária, quase inútil na forma aprovada, também reforça o cepticismo em relação à capacidade política dos líderes europeus de construírem as condições de sobrevivência a médio prazo do euro.

No início de 2014, verificou-se uma descida generalizada das taxas de juro de longo prazo, o que poderá transmitir uma sensação de fim da crise, mas isto não passa de um alívio temporário. A própria decisão, com alguma ambiguidade, do Tribunal Constitucional alemão também não deve inspirar tranquilidade.

Saliento que não defendo a saída do euro, apenas prevejo que isso venha a acontecer, devido às fragilidades da moeda única e da impossibilidade de se gerarem condições políticas para construir uma solução estrutural.


Esta nova edição mantém a estrutura da primeira, com duas partes sobre o passado e duas outras sobre o futuro.

1 comentário:

Nevaco disse...

Concordo muito com a sua visão e partilho de muitas das suas opiniões... Mas pela forma teimosa e obstinada com que os líderes políticos gerem esta questão, acho que tem de começar desde já a preparar a 3ª edição... Não porque o seu raciocínio esteja incorrecto, mas porque está incompleto ao não considerar que para haver uma saída do euro as razões económico-financeiras não são suficientes: é preciso juntar a isso vontade (ou será antes coragem?) política