Apesar de ter caído menos do que a UE, Portugal destrui mais emprego em 2009. De acordo com a Eurostat, a economia portuguesa caiu menos do que UE (-1,0% – queda corrigida pelo INE – versus -2,3% em termos homólogos). Apesar disso, Portugal perdeu 2,8% dos empregos (em termos homólogos) contra “apenas” 2,1% na UE.
Aparentemente, este dado contrariaria a ideia de maior rigidez do nosso mercado de trabalho. No entanto, se olharmos para os dados de Espanha – que tem um mercado de trabalho ainda mais rígido do que o nosso – ficaremos com uma ideia diferente. A economia espanhola caiu mais do que a média da UE (-3,1% em termos homólogos), mas perdeu muito mais empregos: quase 7% em média anual.
Isto sugere o seguinte tipo de ajustamento: em mercados de trabalho rígidos criam-se situações de desemprego “adiado”, empregos que seriam facilmente cortados em mercados mais flexíveis, mas que estão dificultados pela rigidez. Um custo de despedir elevado e um “benefício” limitado. Quando estas economias são sujeitas a um forte choque adverso, o desemprego já não pode ser adiado e gera-se um duplo fenómeno de desemprego: aquele que decorre directamente do choque e todo aquele que vinha a ser adiado.
A desgraçada implicação lógica disto é que a recuperação económica não vai trazer consigo uma recuperação equivalente no emprego, quer em Portugal, quer em Espanha.
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