O PIB do 2º trimestre foi revisto em alta, mas a sua composição é motivo de preocupação. A contribuição das exportações líquidas para o PIB passou de 0,5% positivo para 1,0% negativo (todos os valores apresentados são-no em termos homólogos), enquanto a procura interna viu a sua contribuição subir de 1,3% para 2,4%. Estes valores estão distorcidos num montante incerto, já que a importação de equipamento militar está a empolar a procura interna e a exagerar a contribuição negativa das importações. No entanto, a tendência está lá.
Esta importação de equipamento militar praticamente não afecta o PIB, mas afecta as contas públicas e as contas externas num ano muito perigoso.
O motor do crescimento está a ser o consumo privado – uma péssima notícia –, com uma forte contribuição dos bens de consumo duradouros que só costumam ter um peso de um décimo do total. Parte desta evolução é da recuperação de quedas homólogas muito fortes, mas também se deverá a antecipação de compras na perspectiva da subida do IVA em Julho. Ou seja, espera-se que o motor gripe, agravado pela subida do desemprego e cortes nas prestações sociais.
Em resumo, estes dados do PIB são maus para as contas públicas e para as contas externas, os nossos dois maiores factores de risco de bancarrota.
1 comentário:
Pedro Braz Teixeira
Sobre este tema uma "pequena" nota que anda muito "esquecida" dos economistas e não só.
O economista Rob Parenthau (editor de uma news letter muito interessante a Richebacher Letter) afirmou em Março deste ano o seguinte:
O sector privado deum país e o sector público não podem, em simultâneo, contrair, salvo se existir um superavit comercial e que esse superavit possa ser mantido de uma forma sustentada. Ora os países do mundo não podem ter, todos superavit comercial"
O artigo é grande e baseia-se na seguinte identidade contabilistica:
Saldo corrente da balança= saldo da balança dos particulares + saldo da balança do sector publico;
Qualquer alteração nos termos desta identidade tem consequências nas restantes.
Como um aumento duradouro da produtividade e da competitividade internacional é um processo longo, no médio prazo quando os governos prometem reduzir o défice e se não conseguirem um incremento sustentado de superavit na balança comercial, o que omitem são as consequências que essa redução (do défice público) terão nos outros termos da identidade.
Já agora um pequeno quadro do BCA Research:
1 2 3
Alemanha 37,3 37,1 13,8
França 20,6 37,8 7,8
Itália 9,9 94,6 9,4
Espanha 25,4 19,6 5
Portugal 30,2 19 5,7
Grécia 22 12,1 2,7
Irlanda 49,5 39,2 19,4
Em que
1. % das contribuição das Exp para o PNB
2. % da contribuição das Exp extra UE para o total das exportações
3. % da contribuição das exportações extra UE para o PNB
Junte os dois e veja que essa coisa do PIB tem pouco interesse para o que se tem de poupar; e que a situação em que estamos não é de crescimento, nem podemos "esquecer" a dívida e o défice do Estado
Cumprimentos
joão
PS O quadro não sai bem, caso não o compreenda, posso enviar-lhe por mail
Cumprimentos
joão
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