domingo, 15 de novembro de 2009

Boas novas “que a fortuna não deixa durar muito”

O crescimento trimestral do PIB foi particularmente elevado (0,9%):

a) está quase ao nível do que a CE espera para o conjunto do ano de 2010 (1,0%).

b) deverá permitir que em 2009 o PIB só caia entre 2,5% e 2,6%, menos do que a queda de 2,9% recentemente prevista pela CE.

c) em termos anualizados dá 3,6%, um valor que não se verifica desde 2000.

Na verdade há aqui dois efeitos extra que devem ser meramente temporários:

a) efeito base. Há uma recuperação a partir de níveis muito baixos, o que inflaciona as taxas de crescimento.

b) efeito das exportações líquidas. A crise afecta em particular o investimento (segundo a CE deve cair 15,2% em 2009) e os bens de consumo duradouro. As más perspectivas justificam que não se tente aumentar a capacidade produtiva e a compra de, por exemplo, automóveis, é adiada, a resposta mais fácil para as famílias à diminuição do rendimento. Estas componentes da procura interna são justamente as que têm uma maior componente importada. Por isso a crise é temporariamente benéfica para as exportações líquidas (de importações). Mas, como é evidente, este efeito vai-se dissipar muito em breve.

Para 2010 a CE ainda espera uma queda do investimento (de 4,1%) e provavelmente também dos bens de consumo duradouro (as previsões publicadas incidem sobre o conjunto do consumo e não descriminam as suas componentes).

Logo, é improvável que se repitam taxas de crescimento trimestral tão expressivas nos próximos trimestres.

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