Após algumas semanas, eis que a Grécia volta a recuperar a ribalta, desta feita com o porta-voz do governo a avisar que a Grécia pode sair do euro se não houver acordo com a troika.
É evidente que estas declarações devem ser lidas como uma forma de pressão sobre a troika, em especial sobre o BCE e a Comissão Europeia, no sentido de acentuar a ideia de que existe uma forte externalidade negativa no caso de falhanço das mesmas. Os parceiros europeus devem ceder mais do que o estritamente necessário, porque a saída da Grécia do euro provocará um abalo sistémico muitíssimo grave nesta moeda, com repercussões económicas mesmo para lá da UE e consequências políticas não menos graves dentro da UE.
De acordo com a Economist Intelligence Unit, a economia grega deverá cair 7,5% em 2012, depois de já ter caído 5,3% em 2011, devendo registar uma queda acumulada do PIB de uns astronómicos quase 20% desde 2007.
Pressionar mais austeridade num quadro económico destes é já profundamente contraproducente. Mas fazê-lo, quando isso coloca em risco, mais do que a Grécia, a integridade da zona do euro, é do domínio da mais pura irresponsabilidade.
Infelizmente, os líderes europeus já nos habituaram a isso e não deve ser posto de parte que eles deixem partir a corda. As declarações da Comissão Europeia, em resposta ao aviso grego, de que "não há nenhum plano para a saída de membros da zona euro em 2012 e adiante" são um susto. Alguma alma piedosa acreditará que isto é dito assim, para não alimentar especulações, e que alguma preparação está em curso, mas o que temo é que estas declarações sejam mesmo verdadeiras. Se a saída da Grécia é má, uma saída sem preparação é terrível.
Em resumo, se não for agora, pode ser daqui a três meses ou daqui a seis meses, mas a verdade é que há um risco muito elevado de a Grécia se ver obrigada a sair do euro. E se a Grécia cair, Portugal será o “senhor que se segue”.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
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