quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O desafio da globalização (1) Introdução



Os temas da (falta de) competitividade e do nosso desequilíbrio externo têm vindo a merecer uma atenção crescente, mas ainda dentro do quadro da moeda única. Julgo ser importante introduzir no debate uma outra dimensão, a da globalização, e a forma como Portugal ignorou olimpicamente este desafio.

O nosso país ignorou a globalização, não porque se podia dar ao luxo de o fazer, fê-lo apesar de estar numa das posições mais ingratas para lidar com aquela transformação. Pode-se dizer que até 1995 não nos safámos mal, como o atesta a capacidade de angariar o investimento da Auto-Europa, cuja produção se iniciou nesse mesmo ano, mas a partir daí foi o descalabro.

Em 1995 tínhamos as contas externas equilibradas e praticamente não tínhamos dívida externa. A partir daí assistiu-se a um degradação total, como se pode ver do gráfico acima. Quando o actual primeiro-ministro tomou posse, em 2005, a nossa dívida externa (líquida) era de 65% do PIB. Entretanto, já subiu para 110% do PIB e, segundo o FMI, deverá chegar aos 145% do PIB em 2015.

Temos uma situação extremamente grave nas contas externas e as reformas necessárias vão para lá do que será indicado a nível europeu, porque também têm de começar a responder ao desafio da globalização, coisa a que nos temos esquivado nos últimos quinze anos.

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