O governo alemão deu uma grande volta na posição face à crise do euro, parece que está em vias de deixar de reagir para começar a agir.
Desde já saúda-se que a Alemanha tenha evoluído do foco excessivo sobre as contas públicas, para atribuir uma nova importância aos temas da competitividade e do crescimento.
Das ideias que se conhece, parece que há uma certa confusão, porque quando se fala de “coordenação” parece que ser quer dizer “uniformização”. Enquanto haver mais coordenação é algo quase tautologicamente bom, mais uniformização pode bem querer dizer mais conflitos e resistências, sobretudo em matérias fiscais.
Há um aspecto ainda não esclarecido, mas que é provável que venha a ser esclarecido em breve, que é a necessidade de criar mecanismos de excepção nos casos de países que já têm fortes desequilíbrios externos. A actual legislação europeia não o permite, mas será necessário que se autorizem esses países a introduzir discriminação entre bens transaccionáveis e bens não transaccionáveis, para facilitar “desvalorizações internas”. Dito de outro modo, é necessário introduzir mecanismos de discriminação contra as importações vindas da Alemanha. Não é necessário ser um génio para imaginar as resistências que isto vai suscitar.
Sabendo-se que as propostas alemãs são condições necessárias para que eles abram os cordões à bolsa, é mais do que provável que inúmeros países as aceitem por isso mesmo, com uma muito baixa vontade e convicção de as concretizar. Ou seja, é muito provável que se criem mais problemas adiados.
1 comentário:
Pedro Braz Teixeira
Continua com o erro de paralaxe. Se quizer ver da perspectiva do norte da Europa o que se passa é: ameaçámos e obrigámos a "alinhar" em termos fiscais, de segurança social e de orçamento. Com alguma sorte vamos impor uma harmonização fiscal, equalização do regime laboral e acabar com a indexassão dos salários.
O que falta para mandar sem custos: que nas constituições deles fique o que já temos na nossa: proibição de um endividamento superior a 0.5% do PIB.
Depois, bom depois, para os faltosos três opções:
a) Saem
b) Aguentam uma década de depressão
c) Nomeamos os Directores Gerais do Tesouro
Com vê, a União económica está feita, a política vai demorar mais um pouquinho.
Claro que, alguns vão "espernear"...
Cumprimentos
joão
Com vê
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