Depois de dois trimestres a crescer 0,6%, eis que no 4º trimestre a economia portuguesa estagna (0% em termos trimestrais). É certo que na zona do euro o sentido da evolução é semelhante, embora a desaceleração seja muito mais suave (de 0,4% para 0,1%).
Os adeptos do copo meio cheio podem dar-se felizes pelo facto de em termos homólogos estarmos melhor que a Europa, mas temo que estes dados sejam o prenúncio do que se espera: tal como Portugal não sofreu tanto com a crise como a Europa, também não vai beneficiar tanto como esta da recuperação. O nosso grave problema de falta de competitividade será o travão que impedirá este efeito.
Mas nós temos dois outros problemas domésticos que ameaçam a recuperação. Por um lado, desde finais do ano passado que a confiança de consumidores e empresários interrompeu a trajectória de recuperação e deverá constituir um obstáculo. Poder-se-á discutir a razão desta evolução da confiança, mas julgo que ela resulta da grande confusão política, inicialmente devido a uma dramatização encenada pelo governo e agora devido a problemas bem reais de credibilidade do PM.
Por outro lado, a muito recente e forte subida dos spreads ainda não começou a surtir os seus efeitos, mas não tarda que eles se manifestem. Os bancos vão ver a sua rentabilidade ameaçada e serão forçados, quer a subir as taxas de juro às empresas, quer a apertar as condições de concessão de empréstimo às empresas.
1 comentário:
Tremendo como a gelatina,
transparente e apetitosa,
a economia desatina
perante a tormenta ventosa.
Erguer a credibilidade
e os níveis de luzimento
elevam a civilidade
do nosso desenvolvimento.
O país dos condenados,
à beira-mar implantado,
tem valores enfunados
por um vírus enquistado.
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