terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ágora, um filme sem Deus

Muitos ateus que se apercebem que em muitas religiões se “venera” um deus criado (na verdade, distorcido) pelos homens, julgam que o divino se esgota aí. É verdade que muitas religiões são os piores embaixadores de Deus, mas o que quer que os homens façam, mesmo em nome de deus, não põe em causa o Deus Divino.

O filme Ágora, passado em Alexandria no século IV, relata um conjunto de guerras religiosas, primeiro entre pagãos e cristãos, depois entre estes e os judeus. É descrito um fundamentalismo cristão ao serviço do poder terreno e a guerra praticamente não é ideológica, é mesmo de espada. É introduzido mesmo um conceito de cristão novo, conceito este também ao serviço do poder.

A Palavra Revelada é distorcida para servir o deus dos homens, ao serviço do desejo egoico de poder. Em nenhuma das três religiões representadas há matizes, em nenhuma surge algum representante mais próximo do verdadeiro divino, que pusesse em causa o estilo dominante da sua própria religião. Todas as religiões são mal tratadas, mas o cristianismo é descrito como exibindo uma crueldade gratuita.

Só se “salva” a filósofa Hypatia, agnóstica, que representa a liberdade, embora quase sem vida afectiva.

Não tenho competência para o avaliar como filme nem em termos históricos mas, em termos ideológicos, não gostei. É um filme sobre o deus dos homens, em que o Deus Divino é o grande ausente.

Como nota final, considero que a utilização de actores muito novos para representar personagens mais velhas não resulta nada bem.

Sem comentários: