O governo alemão está com uma atitude muito ambivalente em relação ao euro. Ora se diz interessado em fazer muito para resolver a crise, ora coloca inúmeros obstáculos às propostas concretas de solução da crise. Para além disso, tem defendido uma uniformidade de políticas orçamentais que é deslocada e não tem dado o devido relevo ao problema das contas externas.
Os países mais atingidos pela subida das taxas de juro, no actual contexto não têm grande remédio senão decretar austeridade orçamental. No entanto, os países restantes deveriam aplicar planos de expansão orçamental.
Até há pouco, pedir uma expansão orçamental à Alemanha seria difícil de ser aceite, porque o desemprego neste país vinha batendo mínimos sucessivos e a inflação tinha-se mantido acima dos 2% durante todo o ano de 2011. Até aqui, um estímulo orçamental seria não só desnecessário como potencialmente perigoso.
No entanto, nas últimas semanas as perspectivas económicas germânicas têm sido revistas fortemente em baixa e, em vez de uns robustos 2%, o crescimento para 2012 já não deverá passar dos 0,8% (Comissão Europeia e institutos alemães), com a agravante de estarmos no início de um processo de revisão de expectativas, que não terá chegado ainda ao fim.
Ou seja, neste momento o governo alemão deveria estar a preparar um pacote de estímulo orçamental para contrariar o cenário de quase recessão para o próximo ano, o que deveria impedir uma desaceleração económica mais acentuada no resto da Europa. Com a instabilidade nos mercados financeiros e a subida dos spreads de vários países, inclusive da França, não há nada melhor do que o enfraquecimento económico para dar gás à auto-concretização de expectativas de que os países atacados não conseguirão honrar os seus compromissos.
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