Quer Silva Lopes, quer Carvalho da Silva, vieram já afirmar que o futuro governo não dispõe de uma “maioria social” para introduzir as reformas acordadas com a troika. É evidente que há aqui um óbvio preconceito de que o povo é de esquerda, mas há também uma outra ideia implícita, esta já mais interessante, de que a minoria mais ruidosa e capaz de interferir com as reformas não está com o próximo governo.
Esta minoria mais ruidosa é composta, sobretudo, pelos sindicatos da função pública e das empresas do sector empresarial do Estado. É importante que o governo não se deixe intimidar por manifestações, quantas vezes absurdas, como um caso recente contra a reforma do código do trabalho, em que a presença mais forte era dos sindicatos da função pública, precisamente aos quais o código não se aplica.
As privatizações e reestruturações a efectuar vão certamente criar fortíssimas resistências, pelo simples facto de os trabalhadores envolvidos não quererem perder os privilégios actuais mas, uma vez concretizadas, irão esvaziar estes protestos.
Não gosto de referir o ponto seguinte, o medo, mas este parece-me tão objectivo e incontornável, que não há volta a dar-lhe. A evolução recente da economia e do desemprego, bem como o que se espera que venha a acontecer nos tempos mais próximos foi e vai continuar a ser muito negativa, devendo o desemprego bater recordes sucessivos até 2013. O governo não deve reforçar este sentimento mas perceber que muitos protestos poderão ser ruidosos, mas sem força interior, muito dominados pelo medo.
Finalmente, refiro a recomendação de João Proença, de o novo governo não ser arrogante. Este conselho é do mais elementar bom senso, sobretudo depois do fim de um dos governos mais prepotentes que tivemos desde o 25 de Abril. Infelizmente, tivemos um mau sinal com o
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