domingo, 14 de dezembro de 2008

Resposta à crise?

A resposta à crise deve basear-se em três pilares: reformas estruturais para os problemas internos anteriores à crise e que foram agravados pela crise (baixo potencial de crescimento e elevado endividamento externo); reformas estruturais aos problemas levantados pela crise no sector financeiro; resposta conjuntural aos problemas da desaceleração económica.

Como é habitual, este governo não tem um pensamento estratégico e julga que esta crise é uma mera crise conjuntural, só tendo prestado atenção ao 3º pilar, conjuntural. Relembre-se que o item em que o ministro das Finanças teve pior classificação foi justamente na incapacidade de lidar com a crise financeira. Aliás, este reconhecimento tão tardio da situação só reforça a má classificação do FT.

Em relação à resposta limitada do governo, parece que este tem a intenção de gastar 0,8% do PIB, com a ideia piedosa de ajudar a combater os efeitos da crise. Desde logo, note-se a falta clamorosa de apoio aos desempregados. É para lá de lírico pensar que os apoios ao emprego vão impedir a subida do desemprego.

http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Conselho_de_Ministros/Comunicados_e_Conferencias_de_Imprensa/20081213.htm

Depois a trafulhice, mais uma, do impacto orçamental. As contas simplistas do governo parecem ser: tínhamos um défice de 2,2%, vamos gastar mais 0,8%, ficamos com um défice de 3,0%. Ridículo. Se temos uma forte revisão do cenário macro (implícita no pacote anti-crise), então a anterior previsão de despesa leva a um défice muito superior aos 2,2%. Logo, o novo défice será muito acima dos 3%. A não ser que o governo tencione inventar mais umas quantas manigâncias, às muitas que já lá estavam para assegurar os milagrosos 2,2%.

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