Acabámos de receber mais um sinal de que existe uma imensa fractura de mentalidades dentro da zona euro, o que parece ser o principal obstáculo à sobrevivência da mesma na sua actual configuração.
Segundo uma sondagem do Instituto Infratest-Dimap, uma esmagadora maioria dos alemães opõe-se a uma descida dos impostos, preferindo uma redução da dívida pública.
Parece que os eleitores são mais responsáveis do que o governo, ao contrário do que se passará noutras paragens mais a Sul. Mas, talvez o mais curioso, é que do ponto vista macroeconómico faz mais sentido deixar que o défice se reduza naturalmente pelo dinamismo da economia do que diminuir os impostos.
Há ainda outra ironia: se o governo alemão baixar os impostos, isso irá acelerar ainda mais a economia alemã, beneficiando um pouco os seus parceiros europeus, mas agravando a dualidade da recuperação da economia europeia. O BCE seria forçado a subir as taxas de juro mais rapidamente, agravando ainda mais as condições de retoma da actividade nos países periféricos. Ou seja, neste aspecto em particular, é preferível para Portugal que o governo alemão siga a opinião do eleitorado.
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