terça-feira, 30 de março de 2010

“Desemprego atinge sobretudo baixos salários”

De acordo com notícia do Público de hoje, os trabalhadores mais afectados pela crise foram os que recebem menos de 500€. Estes trabalhadores são os menos qualificados e por isso os mais fáceis de substituir. Uma empresa perde muitas competências se despedir um trabalhador altamente qualificado, mas perde pouco se despedir um trabalhador pouco qualificado. Assim, é natural que este segmento de trabalhadores sofra mais com a crise.

http://economia.publico.pt/Noticia/desemprego-atinge-sobretudo-baixos-salarios_1430068

Mas parece-me que neste contexto há um dado suplementar que estará a agravar o problema. Falo do aumento extraordinário do salário mínimo decidido nos últimos anos, que veio em cima de uma fortíssima desadequação dos salários à produtividade, criada a partir da segunda metade dos anos 90. Este aumento do salário mínimo destruiu uma competitividade já precária em sectores que só sobrevivem com salários baixos.

Há quem diga que isto significa que não podemos continuar a seguir o “modelo de salários baixos”. Em primeiro lugar deveriam dizer o “modelo” de produtividade baixíssima. Depois teriam que reconhecer que a nossa escolaridade e formação são baixíssimos no contexto europeu, pelo que os milagres de produtividade são difíceis. Enquanto não conseguirmos milagres na produtividade é preferível termos empregos de baixa produtividade do que desemprego. Para isso convém não tentar subidas voluntaristas do salário mínimo que só criam desemprego.

2 comentários:

Anónimo disse...

o nosso problema não são os salários baixos, que podem aumentar 25 euros (5%), mas pratcamente não têm impacto no custo final do produto a exportar - 5% é menos de metade da variação cambial possível no espaço de um ano
é preciso mudar o paradigma, deixar de o ter dependente dos baixos custos laborais - enquanto assim for, não conseguimos evoluir na cadeia de valor e vamos sempre ter a concorrência da China e da Europa de Leste

Kruzes Kanhoto disse...

E se a baixa produtividade estiver nos salários altos? Se calhar há por aí muita gente a receber ordenados que não merece...